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MBL, Livres e Acredito se preparam para apoiar candidatos nas eleições de 2022

Com polêmicas, Movimento Brasil Livre teve seu futuro colocado em risco como nunca antes

MBL, Livres e Acredito se preparam para apoiar candidatos nas eleições de 2022
Plenário da Câmara dos Deputados vazio (Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
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Enquanto o Movimento Brasil Livre (MBL) tenta se recuperar do impacto de polêmicas envolvendo o deputado estadual Arthur do Val -- agora sem partido, por ter deixado o Podemos -- e o deputado federal Kim Kataguiri (UNIÃO-SP), outros movimentos que, assim como o MBL, se apresentam como suprapartidários e apoiaram candidatos nas últimas eleições atuam com foco maior nas pré-candidaturas de integrantes para postos no pleito deste ano. É o caso do Livres, nascido dentro do Partido Social Liberal (PSL) e que rompeu com a sigla em janeiro de 2018, devido ao anúncio da filiação do presidente Jair Bolsonaro (PL), e do Acredito, iniciado em 2017.

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Para o doutor em sociologia política e professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Rodrigo Horochovski, a polêmica envolvendo Arthur do Val é o "ponto culminante de um processo de crise" que o MBL vem sofrendo há dois anos, mas "isso não significa que esse tipo de movimento vá desaparecer ou vá se enfraquecer a ponto de ficar irrelevante na política brasileira". Em sua análise, MBL, Livres e Acredito, por exemplo, continuarão existindo. "O que pode acontecer é, como já aconteceu no passado, mudar de nome. Não estou dizendo nem que sejam as mesmas pessoas [nesses movimentos], mas o processo de recrutamento, o perfil social é muito semelhante", completou.

O professor acrescenta que os três não acabarão "de uma hora para outra", e um dos motivos é que "o Brasil não superou a profunda crise política pela qual passa, institucional, então nós temos pesquisas revelando ano a ano um descontentamento da população brasileira em relação às instituições políticas e é nesse vácuo que entram esses movimentos". Por outro lado, explica, como na democracia liberal não há projeto de poder fora dos partidos políticos, os movimentos, quando o tem, "precisam se aproximar da política institucional, eleitoral, partidária". O MBL foi fundado em 2014 e participa da política partidária desde 2016.

De acordo também com o mestre em ciência política pela Universidade Federal de Goiás (UFG) Guilherme Carvalho, os partidos tradicionais seguem dominantes frente a movimentos no país, principalmente com o fortalecimento do centrão e do PT, e trazem o cenário político brasileiro de volta à situação de antes das manifestações de 2013: "A gente entra num estado mais letárgico. Aquele ímpeto meio jacobino de tirar todos, uma coisa meio revolucionária, isso não está mais na pauta, isso não está mais na seara. Pode ser que nós tenhamos novamente protestos daqui ou acolá, mas o fato é que a esquerda não conseguiu pautar protestos de rua de forma abrangente, e a direita não vai para a rua porque a direita está no poder".

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O Livres, cujo objetivo é a defesa do liberalismo, tem ao menos 18 de seus 93 chamados Líderes Livres já anunciados como pré-candidatos, sendo sete para deputado estadual, seis para deputado federal e quatro para governador: os deputados federais Vinicius Poit (Novo-SP), em São Paulo, Felipe Rigoni (UNIÃO-ES), no Espírito Santo, e Pedro Cunha Lima, na Paraíba; e o vereador de Rio Branco Emerson Jarude (MDB), no Acre. Já o Acredito, voltado para a "renovação política" e dito "progressista, comprometido com justiça social e responsabilidade fiscal", pretende apoiar 50 candidatos de todas as regiões do Brasil e "com critérios mínimos de diversidade", afirmou ao SBT News. A ideia é que 30% sejam mulheres, 30%, pessoas pretas ou indígenas, e 10%, pessoas LGBTQIA+.

Nas eleições de 2018 e 2020, sete e 13 candidatos apoiados pelo Livres, respectivamente, foram eleitos. No primeiro pleito, dois deputados federais -- Tiago Mitraud (Novo-MG) e Marcelo Calero (Cidadania-RJ) -- e cinco estaduais (em quatro estados), sendo que o movimento deu apoio a um total de 36 candidatos de 18 estados, de todas as regiões do Brasil, e por 10 partidos. Em 2020, um prefeito -- Caio Cunha (Podemos), em Mogi das Cruzes (SP) -- e 12 vereadores (em 11 cidades), incluindo Cris Monteiro (Novo), em São Paulo, que se envolveu em uma briga com a então colega de partido e de Casa, Janaína Lima, no ano passado. No pleito de dois anos atrás, no total, foram apoiados 75 candidatos de 16 estados, de todas as regiões, em 43 municípios e por 16 partidos. Ao SBT News, o movimento afirmou que o apoio se dá por meio de projetos de formação, troca de experiências em sua rede de apoio voluntária "e do suporte para elaboração de propostas, que estão sendo consolidadas e serão apresentadas à sociedade através do Caderno de Políticas Públicas". "O Livres não possui qualquer envolvimento com estratégias eleitorais ou demais questões de caráter partidário", completou.

O Acredito por sua vez, teve quatro parlamentares eleitos em 2018 -- incluindo o senador Alessandro Vieira (sem partido-SE) e a deputada federal Tabata Amaral -- e 16 vereadores e um prefeito, em 17 cidades, em 2020. No primeiro ano, apoiou 29 candidatos de 13 estados e oito partidos. No segundo, 101 candidatos de 18 estados, de todas as regiões do país, em 75 municípios e por 21 partidos. O movimento afirma que seu financiamento é feito apenas por doações de pessoas físicas; parte dos integrantes dos núcleos estaduais fazem doações mensais de no mínimo R$ 20,00 e, de acordo com Iuri Belmiro, coordenador nacional de mobilização do movimento, "doadores de maiores valores têm sido raros na realidade dos últimos anos". "Nosso time executivo inclusive, é quase interinamente voluntário. Estamos começando a realizar captação por meio de editais de fundações para projetos específicos, mas ainda não fomos agraciados com esse tipo de financiamento", acrescentou.

No caso do Livres -- também sem fins lucrativos --, cada associado contribui com R$ 24,90 mensais. "Além disso, nós nos financiamos também com doações de pessoas físicas e com parcerias com entidades não governamentais de fomento a projetos e ao terceiro setor", pontuou. A reportagem entrou em contato com o MBL também, pedindo que comentassem o desempenho nas últimas eleições, pré-candidatos apoiados neste ano e sua forma de financiamento, que inclui doação, mas não obteve retorno. Dentre seus integrantes, Adelaide Oliveira e Rubinho Nunes são pré-candidatos a deputado federal. A eventual perda de mandato político por parte de um membro -- como o PT quer que ocorra com Kim Kataguiri -- ou ganho indica um potencial impacto nas finanças desses movimentos: um deputado federal, por exemplo, tem subsídio de R$ 33.763,00, e um deputado estadual de São Paulo, de R$ 25.322,25.

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