Em SP, feiras livres resistem à multiplicação de mercados na capital
Facilidade de negociação e memória afetiva são fatores determinantes, segundo pesquisadores da USP
Ainda é madrugada e enquanto a maioria dos moradores estão dormindo, um grande número de pessoas já está trabalhando. Eles estão nas ruas, montando barracas e distribuindo os alimentos que serão vendidos nas próximas horas. São ofertas e aromas que resistem ao tempo: mesmo com a "invasão" de mercados em São Paulo (SP), as feiras livres permanecem de pé.
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Ainda na década de 1950, as feiras viram nascer a ameaça, com a chegada dos supermercados no país. Enganou-se quem pensou que esse seria o fim: com o passar do tempo, o negócio se adaptou ao tempo e ao gosto dos clientes. Nos últimos dez anos, houve um aumento superior a 8% na quantidade de feiras ativas na capital paulista.
Um dos pontos que explicam essa resistência é o atendimento personalizado e a facilidade de negociação, além da memória afetiva das famílias que passa de geração em geração.
"Dentro de uma cidade grande como São Paulo, em que você tenta homogeneizar, tudo é muito parecido, prédios todos muito parecidos, você passa em uma viela, tem uma feira, tem alegria, tem som, tem gente conversando, tem cachorro andando, tem criança, e isso é o patrimônio da cidade", afirma Milaine Pichiteli, idealizadora de uma pesquisa feita pela Universidade de São Paulo (USP). O estudo também constatou que, após a pandemia, a busca pelas feiras livres cresceu.
Das frutas, legumes e verduras selecionados, ao tradicional pastel e caldo de cana, passando pelo forte cheiro dos temperos e chegando até nos pratos de sushi, as resistentes feiras livres provam que nas bancas cabe o mundo.