Economia

Lixo eletrônico está na mira do ESG

No Brasil, fabricantes desenvolveram parcerias com o varejo para a logística reversa

Arsênico, cádmio, chumbo e mercúrio são as quatro substâncias mais perigosas do mundo. Talvez, por essa importância, você pode achar que não são facilmente encontradas por aí. Pois, pasme. São comuns no meio ambiente por causa dos lixões, que estão cobertos de produtos eletrônicos. De acordo com o The Global E-Waste Monitor, um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2019, o mundo rejeitou 53,6 milhões de toneladas de eletrônicos. Os maiores geradores são os superpopulosos e potentes China (10,1 mi/ton), Estados Unidos (6,9 mi/ton), Índia (3,1 mi/ton) e Japão (2,5 mi/ton). Em seguida, o emergente Brasil (2,1 mi/ton). A soma de todos revela um crescimento de 21% no montante em cinco anos. Pior: apenas 17,4% foram reciclados.

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Realidade que os maiores fabricantes de produtos eletrônicos tentam mudar. Fundaram a Associação Brasileira de Resíduos de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree), com o objetivo de desenvolver uma logística reversa eficaz para todos. Já são quase cinco mil pontos de coleta em mais de 1300 municípios. Entretanto, boa parte do problema continua. Pois o mais complicado para a população é levar o produto até um ponto de coleta. Alguns fabricantes tentam resolver oferecendo o transporte em determinadas condições: "A gente sabe como é difícil levar uma geladeira para um ponto de coleta. Quando a gente entrega o produto novo, a gente leva o antigo pra reciclagem. Tem um valor pago. A gente fez uma pesquisa e quer que seja perene", conta João Zeni, diretor da sustentabilidade da Electrolux.

Mas, como fazer isso em um país do tamanho do Brasil, onde se chega em alguns lugares somente de balsa? "A nossa ação ação está disponível em 85% do território brasileiro. Está em todos os estados e até em municípios bem pequenos. A gente fez parceria com o varejo, que está contribuindo nessa captação e já nos trouxe toneladas de material", explica João, que ainda justifica: "A logística reversa ainda está em construção no Brasil. Mas, a gente já conseguiu transformar a despesa em oportunidade, porque gera matéria-prima. A gente colocou uma meta de usar 50% de plástico reciclado em nossos produtos. Sem logística reversa não seria possível", completa ele.

O programa é coerente e deve ser visto com bons olhos por investidores, analisa a co-head de ESG da XP, Luiza Aguiar: "É muito importante, quando a gente analisa empresas desse setor, a gente ver como incentivam o descarte e como também fazem a aproximação com as grandes varejistas. Porque esse trabalho em cadeia, esse engajamento como as diferentes partes do setor é importante acompanhar".

Mas, apesar dos exemplos positivos, o setor ainda não faz o suficiente: "O Brasil, comparado a economias desenvolvidas, tá um pouco atrás no progresso do ESG. Um dado que ilustra isso muito bem: no mercado financeiro existe um acordo chamado Princípios para o Desenvolvimento Responsável e a grande parte desses signatários tá localizada na União Europeia. No Brasil, a gente ainda representa 1% dos signatários globais".

Assista ao bate-papo na íntegra, no 41º episódio no Foco ESG:

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