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Investir em entretenimento pode ser "show dentro do show"

Música, filmes, casas de espetáculo e artistas como Beyoncé e Taylor Swift movimentam aplicações e a economia

Investir em entretenimento pode ser "show dentro do show"
Mercado de arte
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Bombou. No palco de espetáculos e na arena do mercado financeiro em Nova York. Foi só a Sphere abrir as portas -- se é que ela tem portas -- para mostrar rapidinho a que veio um dos lançamentos mais esperados do mundo do entretenimento nos últimos anos: o imenso globo luminoso no coração de Las Vegas é a mais pulsante alternativa pra quem quer submergir num show dentro de outro show. A inauguração no último dia 29 de setembro, com os inoxidáveis irlandeses do U2, exibiu em 360º bons motivos para o empreendimento, anunciado pela primeira vez em 2018, ter levado esse tempo todo pra ficar pronto e custado a bagatela de US$ 2,3 bilhões: são 18.600 poltronas e lugar para vinte mil espectadores em pé. São 34 metros de altura, 157 m de largura; 1,2 milhões de LEDs, distribuídos em 54 mil metros quadrados de telões; tudo embalado por 160 mil alto-falantes e resolução de vídeo 16 k x 16 k. 

Imagem U2

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No primeiro pregão em Wall Street depois do show inaugural, as ações da Sphere Entertainment Company bateram 11% de alta. "Faz todo sentido, é um lugar espetacular, tava sendo muito esperado, atraiu a mídia do mundo inteiro, levaram uma banda que todo mundo conhece. Acontece isso com frequência quando um ativo estreia nos mercados cercado de tanta estrutura", analisa o economista Luiz Gustavo Medina, o Teco. Os exemplos são vários, na avaliação dele. Mesmo no pós auge da Covid, o movimento de apostadores e turistas em Vegas vinha registrando expressiva redução. Daí o lançamento de uma nova opção de entretê como a Sphere gerar expectativa - inclusive sob o holofote do retorno financeiro. E os grandes nomes das artes, por si só, já arregimentam o interesse do público. Investidor, inclusive. Juntando uma coisa com a outra, era dinheiro em caixa. 

" Quando começaram as vendas dos ingressos da Taylor Swift aqui no Brasil as ações da Time For Fun (T4F), que é quem tá trazendo ela, subiram muito ali na semana e isso é normal porque aumenta o faturamento, aumenta a receita, aumenta a expectativa de lucro e as ações vão reagir dessa maneira. A alta das ações é normal, até esperado",  Teco Medina 

É a economia, público 

No final do século passado -- repare, não faz tanto tempo assim --, David Bowie inaugurou a cena do investidor star:  em 1997, ele decidiu reaver os direitos de suas músicas, então em posse de seu antigo empresário. Com o lastro de um banqueiro especialista, lançou os "Bowie Bonds", títulos de dívida assumida pelo artista que seriam remunerados por tudo que havia lançado até ali: nada menos do que 25 álbuns de grande sucesso. Pagou 8% ao ano a seus investidores nos 10 anos seguintes. Os papéis renderam US$ 55 milhões ao "Camaleão do Rock" e há quem diga que o resultado não foi tão bom assim. De certo, o pai de Ziggy Stardust virou dono do Bowie Bank, anos depois. James Brown e Marvin Gaye pegaram carona na ideia.

E o alcance do talento dos super-astros não se limita ao mundo financeiro: até a macroeconomia de países inteiros é sensível a essas ilustres presenças. Alguma dúvida de que Beyoncé ou Taylor Swift tenham 'o poder'? Pois bem. Os ingressos para a rasante de Taylor Swift no Brasil -- shows entre 17 e 26 de novembro -- se esgotaram em minutos. Foram pra este 'aporte' boa parte dos 10% de capital disponível que os consultores de finanças orientam todo mundo a investir na modalidade 'lazer': bem estar, saúde mental, diversão e arte. Não é à toa que projetando a turnê Eras Tour pelo planeta, o mundo da economia fale em ativos da ordem de US$ 600 milhões gerados pela excursão mais cara de um artista pelo mundo. 

Beyoncé

Em junho, o abalo-sísmico Beyoncé sozinha puxou a inflação da Suécia coisa de 0,2 ponto percentual pra cima. O índice atingiu 9,7% quando ela levou pra lá a turnê mundial Renaissance. Tudo via aumentos de preços de restaurantes, hotéis, bebidas e afins. O país dos Vikings virou epicentro mundial do turismo, inflado pelo efeito-diva. No Reino Unido, as duas musas do pop fizeram subir 6,8% os preços de serviços de lazer e cultura -- de janeiro a maio deste ano -- , leia-se, custos dos ingressos para os shows. Tudo bem que inflação mais alta não é bom indicador pra ninguém, mas os exemplos citados apuram o 'potencial econômico' que estes grandes nomes do universo da diversão têm associado às suas marcas, digo, aos seus nomes. 

"O mercado de entretenimento ganhou um peso gigantesco. Você tem o Sphere, Taylor Swift mas tem outras coisas: foi registrado um pico na inflação na Suécia por conta de um show da Beyoncé. Isso pra dizer assim, o mundo do grande entretenimento  tem um apelo muito forte no atual momento do mundo e do consumo de entretenimento que se tornou um ambiente de eventos muito fortes. Aí o mercado de capitais vai gerar toda estrutura financeira pra dar conta do funding disso",  André Perfeito, economista e consultor

Já fez cinema?

No mundo dos atores e atrizes, uma pergunta vale por um termômetro para medir o quanto um grande nome já brilha também com o desempenho da conta bancária: "Já fez cinema?", em caso de resposta positiva, bota o ator/atriz no roll dos que estão bem de vida. Não é exagero. As bilheterias de grandes sucessos efetivamente recheiam as carteiras dos protagonistas de produções que levam milhões pra frente da telona. 

Ou seja: mais um ambiente 'potencialmente interessante' para figurar como investimento, principalmente se pensado como diversificação da carteira. Um exemplo é o filme Swimming Home, co-produção greco-brasileira que tem lançamento previsto para 2024, a partir de grandes festivais internacionais de cinema.

O filme

A 'fita' é baseada no livro de mesmo nome da escritora britânica Deborah Levy, que com ele participou do Man Booker Prize de 2012, o mais importante prêmio literário do Reino Unido. Na obra, o casal Joe e Isabem vive os dramas de um casamento em momento crítico. Até que surge, nadando nua na piscina do casal, a estranha Kitti. Ela é convidada a ficar.

É apostando nessa trama que a fintech Hurst iniciou a segunda fase de captação para arcar com os custos da fase final de produção do filme. O aporte mínimo é de R$ 10 mil, ao alcance de muito CPF gente como a gente por aí. E a expectativa de retorno é de 28,24% ao ano. A operação terá prazo de 12 meses. O filme já está todo gravado e em fase final de edição. A tendência, a partir daí, é de redução de riscos, ainda mais quando se considera que os prazos e custos determinados para a produção "foram cumpridos à risca", segundo os realizadores. O lançamento é no cinema -- para atrair os compradores, as distribuidoras -- mas a ideia é alcançar o universo cada vez mais amplo do streaming também. E essas possibilidades aumentam o poder de barganha junto aos distribuidores, valorizando a produção e aumentando a rentabilidade da obra, justificam os responsáveis pelo filme.

Curva longa

Faz sentido. O mercado global de streaming movimentou em 2022 nada menos do que US$ 445,45 bilhões. E a previsão é de que neste ano chegue a US$ 554,33 bilhões; para 2030, projeção de US$ 1,9 trilhão. Daí o otimismo com o retorno esperado. "Uma vantagem dos tempos atuais é que os filmes não precisam apenas de um lançamento nos cinemas para ser considerado um sucesso. A pandemia de Covid-19 levou a um aumento de 10% no streaming de vídeo online, resultando em crescimento expressivo para as plataformas. Após a crise sanitária, o crescimento dessas plataformas continuou levando-as a ter uma participação de 44,5% nas receitas das produções audiovisuais", explica Arthur Farache, CEO da Hurst. 

farache
Arthur Farache, CEO da Hurst/ Reprodução/SBT

Como todo investimento, alguma dose de risco sempre existe. Então a opção pelo 'financiamento' a um filme, por se tornar 'sócio' da obra deve ser encarada igualmente como alternativa de diversificação das aplicações. "Vai depender de quanto o filme faturar, de quanto vender, quanto arrecadar. Se fosse só vender o filme e um grande produtor comprar, por exemplo, aí todo mundo colocaria o dinheiro. Acho que tem ali uma variável mais de risco que é não estrear na semana de um super-herói, que é conseguir ter mídia, que é conseguir ter sala pra ser divulgado, esse tipo de coisa toda", lembra Teco Medina.

Componentes que, em diferentes formas de expressão, não são estranhos a muitos investimentos. E que podem interferir, até para o bem: "Se o filme for bom, se o filme for premiado, isso vai aumentar a expectativa de faturamento e de retorno", completa Medina. 

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