Banco Central dos Estados Unidos mantém taxa de juros conforme esperado
Intervalo permanece entre 5,25% e 5,50% a.a.; sinalização é de ajuste caso haja riscos para a inflação
A taxa de juros referencial da economia americana permanece como estava: entre 5,25% ao ano e 5,50% a.a. A decisão de manter o nível de aperto monetário foi tomada pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) na tarde desta 4ª(20.set). Opção adotada em consenso entre todos os diretores.
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"A decisão veio em linha com o projetado pelo mercado para os Estados Unidos", avalia o economista e consultor André Perfeito. De fato, mais de 90% dos analistas tinham na manutenção a alternativa mais viável para os dirigentes do Federal Reserve (Fed, Banco Central Americano). Já o comunicado emitido após a decisão -confira trecho abaixo - deixou no ar o quê alguns observadores chegaram a considerar uma propensão mais 'hawkish [restritiva]' do Fed.
"No comunicado em si as alterações foram mínimas, com o reconhecimento de que houve um desaquecimento do mercado de trabalho, ainda que permaneça forte. No mais, a autoridade deixou a porta aberta para novas elevações caso sejam necessárias, sendo de fato bem menos taxativo do que o ECB para interrupção do ciclo" - Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos
Aqui a menção é ao trecho do comunicado que aponta que o Fed "estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado", caso surjam riscos para a meta de retornar a inflação ao patamar de 2%.
De imediato, houve interpretações mais detidas na possibilidade de nova elevação na taxa.
"O mercado esperava falas mais otimistas quanto ao pouso suave, ao controle de inflação, e não foi bem o que ouviu. Aí houve movimento de alta de taxas de juros e de dólar no intraday [movimento do dia]. Ficou claro que ele [Powell] continua considerando que as decisões sobre os juros vão acontecer de reunião em reunião. Mas o mercado está atento à possibilidade de uma alta residual da taxa de juros de 0,25 pp pra este ano ainda" - Sidney Lima, analista da Top Gain Research
Na análise macroeconômica, o comitê ressalta que os últimos indicadores levam a crer que a atividade econômica vem se expandindo em ritmo sólido. "Os ganhos de emprego abrandaram nos últimos meses, mas permanecem fortes, e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação continua elevada", diz o texto.
"Eles estão olhando a questão do mercado de trabalho ainda forte, mas eles estão vendo o efeito cumulativo dessas altas, como vai bater na economia, eles acreditam que vai ter um mercado de crédito mais apertado, atividade um pouco mais fraca e inflação também um pouco mais fraca.
Eles também anunciaram que vão manter a política sobre os títulos que eles possuem, isso deve fazer com que os títulos mais longos nos EUA subam um pouco mais, eles vão se livrar dessa quantidade que eles têm. Se eles ofertam mais o preço cai se o preço cai o juro sobe, o que pode gerar uma apreciação do dólar" - André Perfeito, economista
Colocados em perspectiva a decisão e o cenário, o mercado estima pra quando será a mudança de rumo.
"Decisão dentro do consenso esperado. O que o mercado olha é pra quando
o Fed vai de fato cortar juros e olhando as perspectivas de inflação e impacto no emprego. É olhar se a gente de fato chega a esse fim de ciclo de juros, da subida dos juros, até a estabilização e potencial corte de juros ainda nesse ano que vai favorecer os ativos de renda variável" - Enrico Cozzolino, analista da Levante Investimentos
Diante dos questionamentos, os principais índices em Wall Street fecharam com tendência negativa.
- Dow Jones: - 0,22%
- S&P 500: - 0,94%
- Nasdaq: 1,53%
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