Herança doce: produção familiar de cacau vira negócio de alto padrão
Baiana convenceu o pai a investir em grãos de qualidade e hoje tem a própria marca de chocolates
Hoje (7 jul.) é comemorado o Dia Mundial do Chocolate, um dos produtos mais consumidos no mundo. Difícil encontrar quem não aprecie esse doce. Mas para uma família baiana, o chocolate representa muito mais que um agrado ao paladar. É o sustento passado de geração em geração e, hoje, se tornou um negócio lucrativo.
Ainda na barriga da mãe, Josiane já estava entre as plantações de cacau, no centro-sul da Bahia. Por muito tempo, a produção do cacau da família era feita de forma convencional, o que não garantia tanta rentabilidade. A virada de chave ocorreu em 2019, quando a Josiane decidiu aperfeiçoar a produção e investir nos grãos de alto padrão - esse seria o pontapé inicial para a fundação da Luzz Cacau, marca de chocolates criada por ela em 2020.
De lá pra cá, Josiane mergulhou nos estudos sobre o desenvolvimento e o mercado do cacau refinado no Brasil. Mas ainda tinha um desafio: convencer o pai a aderir às novas técnicas e focar na produção dos grãos mais caros.
"Não foi simples trazer um conceito novo e tentar implantá-lo em uma produção tradicional. Precisei demonstrar, com dados, que os frutos poderiam oferecer mais rentabilidade ao negócio familiar e que valeria a pena mudar o desenvolvimento dos grãos depois de tanto tempo trabalhando com os processos convencionais", conta a fundadora.
Com o apoio do pai, a empreendedora enviou os primeiros quilos do cacau fino para análise em um laboratório especializado na Bahia, com a expectativa de receber a certificação dos grãos como refinados. No entanto, quando o laudo chegou, Josiane recebeu uma surpresa: sua produção tinha ultrapassado a meta e alcançado o certificado de grãos finos com excelência.
A empresa de Josilene se especializou em cacau fino, com produção artesanal e tradicional. Hoje, a empresa da baiana integra a categoria "tree to bar", que designa os produtos com processo transparente desde a colheita, na árvore, até a produção final e transformação dos grãos em barras. Atualmente, o negócio de Josiane conta com mais de 134 pontos de venda no país e loja online.
Mercado aquecido
De acordo com a Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas), de janeiro a março deste ano foram produzidas 219 mil toneladas de chocolates, aumento de 10% em relação ao mesmo período de 2022, quando o volume foi de 199 mil.
Até junho de 2023, o setor exportou 17,5 mil toneladas de chocolate, o que corresponde US$ 71,8 milhões, de acordo com o levantamento feito através da ComexStat, sistema do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).