Haddad diz que comunicado do BC veio "muito ruim, como de hábito"
"Estamos contratando problema futuro com esses juros; inflação, aumento de carga tributária", disse
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na tarde desta 5ª (22.jun) que, com esses juros " estamos contratando problemas para o futuro". A afirmação foi feita em Paris, onde Haddad acompanha o presidente Lula em agenda oficial. Na opinião do ministro, há um descompasso entre a realidade e o nível de taxa de juros.
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Haddad disse que o comunicado emitido pelo BC logo em seguida à decisão de manter a taxa Selic em 13,75% ao ano é muito ruim. "Como de hábito, é muito ruim. É o quarto comunicado muito ruim, todos foram ruins, às vezes ele corrige na ata mas não alivia a situação", manifestou Haddad. No entender do ministro, há uma distância entre a condução da política monetária e as necessidades do país.
"Eu penso que o descompasso entre o que está acontecendo com o Brasil, o dólar, a curva de juros, a atividade econômica é um claro sinal de que nós poderíamos sinalizar um corte da taxa Selic que é a mais alta do mundo, longe do segundo colocado. Nós estamos aí com um juro real que deve estar batendo 8%. Essa que é a realidade. E aí você tem o impacto na bolsa, você tem o impacto no varejo, os impactos conhecidos. O descompasso é evidente e não dá pra deixar de mencionar. E também vai impactar o fiscal. Os estados estão perdendo arrecadação, os municípios estão perdendo arrecadação, a União não tá performando, tem outras questões que estão sendo resolvidas, se tudo der certo o presidente Arthur Lira se comprometeu a pautar o CARF na primeira semana de julho, o que pode permitir que num curto espaço de tempo nós consigamos, com muito esforço da Receita Federal, fazer os acordos previstos que estavam aguardando uma manifestação do Congresso, mas, enfim, não há como negar. Há um descompasso que preocupa a Fazenda há muito tempo", disse Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Foco
Haddad lançou mão até mesmo do levantamento realizado pelo BC semanalmente, o boletim Focus, como elemento que deve ser considerado para efeito das decisões pelo Copom.
"Eu sou a favor de olhar para pesquisa, é importante. A pesquisa Focus é um subsídio para tomada de decisão. Ela não pode substituir a autoridade monetária. Ela não é a autoridade monetária. Então você tem uma pesquisa que tá errando, sistematicamente durante seis meses, você pode até continuar levando em conta mas você tem que sopesar o argumento, relativizar um pouco as pesquisas que você faz. Quando você fala em ancoragem de expectativas. Eu to muito preocupado com o que vai acontecer na vida das pessoas. Nós estamos contratando problema futuro com esses juros. É isso que essa decisão está fazendo. Contratando inflação futura, aumento da carga tributária futura. É isso que tá sendo contratado ".
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