Dólar fura o piso de R$ 4,80 e marca nova mínima em mais de um ano
Sem os pregões em Nova York, Ibovespa volta a subir mirando os 120 mil pontos cada vez mais de perto
Liberado da influência de Wall Street -- que observa o feriado de Juneteenth, ou emancipação dos negros --, o mercado financeiro nacional andou com as próprias convicções e propostas. Sem deixar de lado tudo o que possa ser dúvida. E ao final dos negócios não teve lá do que reclamar. O Ibovespa voltou a subir depois da queda de 6ª (16.jun) e a namorar cada vez mais de perto os 120 mil pontos: fechamento nesta 2ª (19.jun) em +0,93% aos 119.859 pontos com volume financeiro de R$ 17,10 bilhões.
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Agora, o que falar mesmo quem deu foi o dólar. Em mais uma sessão de desvalorização ante o real, a moeda americana voltou a ceder: = 0,92% até ser cotado no câmbio comercial para venda a R$ 4,77 -- mas com mínima no dia de R$ 4,76.
Para os analistas, a semana que reserva andamentos importantes no âmbito político, com arcabouço fiscal e encaminhamento da reforma tributária debaixo dos olhos dos senhores parlamentares, tem ainda reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a decidir como fica a taxa de juros referência da economia brasileira, a Selic.
As apostas parecem mais propensas a se dividir do que estavam há uma semana: entenda-se, não é de todo estranho agora encontrar quem opine que a decisão na 4ª (21.jun) possa até surpreender, com algum corte de juros. Embora a maior parte dos especialistas entre bancos e corretoras creia mesmo é em mais uma manutenção da taxa na casa dos 13,75% ao ano. Para aí sim, na reunião do início de agosto, o BC se posicionar com o primeiro corte de juros desde agosto do ano passado.
Fatores favoráveis
Com núcleos dos indicadores de inflação resistentes ao longo do primeiro semestre, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se encastelou na defesa dos juros no atual patamar fazendo resistência às pressões que o BC recebeu de toda parte -- e inclusive, insistentemente, do próprio presidente da República. Mas mais recentemente, até o chefão do BC começou, com boa dose de sutileza, a deixar saber que os índices de preços parecem algo mais "adequados". Não por acaso, o boletim Focus dessa 2ª (19.jun), que trouxe novas projeções de alta para o PIB e de queda da inflação, reportou juros menores neste 2023 e no ano que vem. Que não se descarte a influência da revisão da perspectiva de rating brasileiro operada pela agência de classificação Standard & Poor's na semana passada, o que é sinal inequívoco de retomada da inserção do país no meio econômico-financeiro internacional.
Tudo junto e misturado, as visões dos analistas e dos investidores ao redor do planeta vão no sentido de apostar em afluência importante de capitais em direção ao Brasil. E isso faz o dólar cair... e ajudar a fortalecer as chances num corte de juros. Resumo da ópera, o dólar marcou nova mínima em mais de um ano -- desde maio de 2022 -- e com agentes de peso do cenário financeiro, como o mega-banco americano Goldman Sachs, enchendo os cofres para sinalizar novas quedas de cotação do dólar entre R$ 4,50 e R$ 4,40 para o intervalo dos próximos seis a doze meses. O que significaria voltar ao patamar para o câmbio de antes da pandemia, lá no início de 2020.
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