Presidente da Fiesp diz que taxas de juros no Brasil são "pornográficas"
Segundo Josué Gomes, "se não abaixarmos essas taxas, de nada adiantará fazermos políticas industriais"
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, classificou nesta 2ª feira (20.mar) como "pornográficas" as taxas de juros praticadas no Brasil e disse que é "inconcebível" o atual patamar da Selic, de 13,75% ao ano. As afirmações foram feitas em discurso no seminário Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI, realizado pelo BNDES.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
"Nós criamos uma nova restrição, de uma tese de que o problema é o abismo fiscal. Abismo fiscal de um país que tem 73% do PIB de dívida bruta. Tirando as reservas, são mais ou menos 54% de dívidas. Tirando o caixa do Tesouro Nacional, é menos de 45% do PIB de dívida líquida. Um país com a riqueza do Brasil, que comparativamente a outros países equivalentes no mundo tem uma dívida líquida que talvez seja um terço ou menos de outros países", declarou Josué.
"Então esta não é uma boa explicação para as pornográficas taxas de juros que praticamos no Brasil, e se não abaixarmos essas taxas de juros, de nada adiantará fazermos políticas industriais, porque as principais políticas industriais, aquelas que são mais horizontais e, portanto, atingem o conjunto da economia, é justamente uma taxa de juros compatível com a dimensão, com a riqueza, com a capacidade de pagamento do nosso país, e obviamente uma reforma tributária que cria uma isonomia entre os setores", complementou.
No mesmo evento, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil, Geraldo Alckmin (PSB), também criticou o atual patamar da Selic. "Não há nada que justifique ter 8% de juros real acima da inflação quando não há demanda explodindo e, de outro lado, quando o mundo inteiro tem praticamente juros negativo. Mas nós acreditamos no bom senso e que a gente vá com a nova ancoragem fiscal superar essa dificuldade", afirmou.
Alckmin ressaltou ainda que "juros alto dificulta consumo, inibe investimento, encarece a dívida do governo". "Meta da dívida é Selic. Cada 1% dá R$ 25 bilhões por ano. E aí eu acho que o governo encaminha nos próximos dias o projeto de ancoragem fiscal, que vai também, uma medida inteligente, combinando curva da dívida, de outro lado superávit, de outro lado o controle do gasto".
A medida, em suas palavras, "vai trazer bastante segurança na questão fiscal". Outro tema abordado por Alckmin foram os impostos cobrados no país. "Imposto o presidente Lula está empenhado na reforma tributária, então nós estamos muito otimistas de que ela possa avançar. Simplifica cinco tributos de consumo, viram um só IVA", disse.
Veja também: