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Proximidade com o governo anterior não afeta autonomia do BC, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central afirmou que pretende aproximar a instituição do governo atual

Proximidade com o governo anterior não afeta autonomia do BC, diz Campos Neto
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou nesta 2ª feira (13.fev) sobre a relação com o governo federal, que vive momentos de tensão, e afirmou que vai fazer o possível para se aproximar.

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"O Banco Central precisa trabalhar junto com o governo, e que eu vou fazer tudo que estiver ao meu alcance pra aproximar o Banco Central do governo", disse o presidente da instituição, em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura. 

Questionado se a sua proximidade com o governo anterior coloca a autonomia do BC em risco, Campos Neto se defendeu.

"Eu fiquei quatro anos num governo, e ao longo de quatro anos você acaba desenvolvendo relações, proximidade com algumas pessoas, não com todas, mas com algumas pessoas. Mas acho que a gente precisa diferenciar a proximidade com algumas pessoas de independência de atuação", disse.

"Em termos de atuação, foi a maior subida de juros num ano eleitoral na história do Brasil, duas vezes maior que a segunda, que foi em 2001, e quando a gente olha mercados emergentes, você não vai ver na história de mercados emergentes uma subida, olhando um ano e meio pra trás, na magnitude que o Brasil fez, então assim mostra que foi um ato muito independente", completou o presidente do BC.

"Se o Banco Central tivesse leniente, quisesse agir politicamente, não teria subido os juros, teria até feito uma política pra estourar a inflação pra frente, que foi uma coisa que não fez", afirmou Campos Neto, que diz entender a pressa de Lula para cumprir sua agenda social.

Segundo ele, é natural que não exista uma diminuição dos juros no início do governo. "Todos os primeiros anos de governo começaram com aumento de juros, com exceção de 2006, e basicamente o que o Banco Central fez na primeira reunião foi manter os juros que já vinham", disse.

Questionado se há de fato um risco fiscal que justifique a taxa de juros atual, que é de 13,75% ao ano, Campos Neto afirmou que não espera um corte de despesas estrutural do novo governo.

"Em relação ao fiscal, o que a gente observa nos últimos muito anos, é que você tem uma trajetória de gastos, que é uma trajetória difícil de ser interrompida. Quando a gente separa todas as rubricas de gastos e olha a trajetória, se você imaginar uma linha de tendência de alta, que é a média, e imaginar todas as vezes que teve um corte que foi abaixo da média, várias vezes esse corte não é sustentável, não é uma coisa que é estrutural, então volta", disse.

"Não acho que é razoável esperar que o governo chegue e faça um mega ajuste de despesas, uma coisa que nunca foi feita. A gente, sim, tem que cuidar das despesas, a gente tem que entender que, no final das contas, crescimento é o que vai levar de fato a uma melhoria fiscal, mas existe sim uma fragilidade fiscal", completou.

O presidente do Banco Central defendeu também uma melhor comunicação do governo com o mercado: "tenho conversado com o ministro Haddad, ele está super bem-intencionado. A gente precisa, em conjunto, achar uma forma de comunicar os agentes, que aqui não se trata de rentistas, os agentes econômicos que apostam no país, que a gente tem uma equação pra equilibrar a trajetória de dívidas na frente, eu acho que isso que é importante".

Voltando ao assunto do governo anterior, Campos Neto negou qualquer pressão para que fossem reduzidos os juros: "se tivesse eu teria saído, nunca teve, isso eu posso garantir pra você. Se tivesse qualquer tipo de interferência na minha autonomia eu teria saído, porque eu não acho que ia estar fazendo um serviço para o país, conduzindo uma coisa que é altamente técnica, sem autonomia, sem independência de opinião, inclusive porque acho que grande parte do corpo de diretores não se sentiria confortável".

Outro tema da entrevista foi o rombo fiscal das lojas Americanas. Para Campos Neto, o caso não deve afetar estruturalmente a oferta de crédito no país.

"Quando eu pergunto pros bancos se isso afeta a disposição deles de dar crédito ao longo do ano, o que eu recebo como resposta é que afetou muito pouco, eles já estão cuidando desse tema, e que hoje a perspectiva de crescimento de crédito hoje é uma coisa entre 8% a 10%, que é um crescimento razoável pro momento que a gente está agora. A nossa política de juros tem um objetivo, a gente precisa desacelerar um pouco o crédito em algum momento, pra depois voltar a subir ele de forma mais sustentável", disse.

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