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Prioridades são reforma tributária, crédito e regulação, diz Haddad

Na Fiesp, ministro fala em reindustrializar país e que juros e inflação devem buscar "equilíbrio virtuoso"

Prioridades são reforma tributária, crédito e regulação, diz Haddad
Ministro da Fazenda
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Em encontro na Federação das Indútrias de São Paulo (Fiesp) nesta 2ª feira (30.jan), o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apontou três prioridades que promete perseguir à frente da pasta: a realização da reforma tributária, tocar projetos alusivos ao crédito que se encontram paralisados, e cuidar da regulação de diversos setores que podem, via energia limpa, catalisar investimentos para o país. 

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Como seria natural numa conversa com empresários da indústria, o ministro muniu-se de elementos que o amparassem para falar da cobrança que já se tornou constante em encontros dessa natureza: os caminhos para realizar, efetivamente, uma reforma tributária, há muito prometida por sucessivos governos. E nunca concretizada.

"Há inúmeros parlamentares com experiência de Brasília, que já me confirmaram que sim, no ano passado, havia toda condição para aprovar a Reforma Tributária", afirmou Haddad. E completou:" Aquela reforma, com um ou outro ajuste, poderia passar. O que não houve foi vontade política pra fazer isso", disparou. 

Não por acaso, na conversa com as lideranças industriais, o ministro relacionou as agendas que promete tratar como prioridades na busca pela retomada do crescimento da economia. A primeira é exatamente o encaminhamento da Reforma Tributária. Veja os principais trechos do discurso de Fernando Haddad na Fiesp. 

Área fiscal

Eu vejo uma enorme oportunidade, primeiro na agenda fiscal. Vem a ser o quê? Aprovar a  Reforma Tributária e o novo arcabouço fiscal, que vai pacificar o Brasil em um "front" delicado. A pressão é diária em relação a isso. Em relação às finanças públicas, a pressão está na mesa do Tesouro e do Banco Central todo dia. A gente tem que sair dessa agenda de curtíssimo prazo pra adotar uma visão estratégica de desenvolvimento que o Brasil não tem há muito tempo. Eu vivi o período em que a questão estratégica tava na ordem do dia, e se eu conheço bem o presidente Lula ele vai exigir de todos nós que essa agenda seja recolocada na ordem do dia. 

Projetos de Crédito 

Nós temos muito o que fazer em relação ao crédito. Antes de vir pra cá, tive uma hora e meia de reunião com o presidente do Banco Central (Roberto Campos Neto). Vamos desengavetar todas as iniciativas do BC que estavam paralisadas no Executivo. Já me comprometi com ele a endereçar a agenda de reformas no sistema de crédito, pra melhorar o ambiente de crédito no Brasil. É óbvio que a Selic é uma trava pra todos nós, pode diminuir o spread, o sistema de garantias, mas a Selic sempre vai ser um obstáculo a uma diminuição consistente e a redemocratização dos juros do crédito no Brasil.  Nós sabemos o potencial que isso teria na economia brasileira, nós vamos abraçar a agenda de crédito. Sei também do estudo que Febraban [Federação Brasileira dos Bancos] e Fiesp estão fazendo e vão nos entregar, temos todo o interesse. Lembrando que houve avanços que precisam ser mencionados, no sentido de aumentar a concorrência bancária, isso tem surtido efeito. Vejo com bons olhos os novos instrumentos disponíveis, desde as Fintechs até as cooperativas de crédito, que tem alcançado bons resultados, saindo aí de uma concentração de 80% para 70% do crédito no Brasil, ainda é muito mas mostra o vigor da concorrência bancária em torno da oferta de crédito no Brasil.

Economia limpa e regulação

E uma terceira agenda que é a questão regulatória. Nós temos uma oportunidade por sermos o maior produtor de energia limpa do mundo. Nós temos a oportunidade de nos reindustrializar a partir dessa matriz. O mundo inteiro está em busca de energia limpa. As indústrias estão escolhendo o local para se instalar com base nisso e o Brasil é o país mais bem posicionado pra produzir energia verde, eólica, solar, biomassa, tudo a gente tem vantagem competitiva. E isso pode ser um fator de forte atração de investimentos no Brasil e de reindustrialização do capital nacional, se nós tomarmos alguma decisões centrais para pensar o reposicionamento da indstria e da nossa economia. Até a questão da mudança climática, de crise climática, pode nos oferecer um caminho de desenvolvimento muito interessante. Estava falando com o pessoal da indústria automobilística, do carro híbrido e flex. Está cheio de coisa, de novidades acontecendo. A  energia eólica offshore no Rio Grande do Norte, tudo acontecendo simultâneamente. Tem o papel que o gás pode ter, não para retardar, mas pra acelerar o processo de transição ecológica. 

Educação e Sistema S

O Sistema S tem que ter foco no ensino médio. No mundo inteiro é assim, o Sistemas S -- cada um tem o seu nome -- tem esse foco, cuidar da juventude. Forma um jovem bem formado no Ensino Médio, você tem um trabalhador com 50 anos disponível para contribuir com o desenvolvimento nacional e ganhar com isso. Outra coisa é que nós temos que voltar a ter uma agenda forte na ciencia e tecnologia no Brasil. 

Perguntas e respostas

Fernando Haddad respondeu ainda a questões formuladas por alguns empresários presentes. O assunto mais insistentemente escolhido foi a Reforma Tributária. Quando um industrial comparou com "marcar a data" -- o ministro tem falado em viabilizar uma Reforma Tributária no primeiro semestre do ano -- , falou que se a transição durar muito pode não dar certo. "Reforma Tributária é igual marcar data de casamento, ministro. Vamos casar daqui seis meses....mas se a transição durar cinco anos não sei se o amor dura tanto assim", brincou o industrial. Ao que Haddad respondeu: 

"Temos que tentar trazer para o Brasil o melhor modelo, sabendo que temos uma negociação encaminhada no Congresso. Então temos que pensar em cada nó que tivermos que desatar uma alternativa que não desfigure o projeto que está em andamento. Vamos estabelecer a agenda seguinte, estou falando de uma agenda de seis  meses. Arcabouço Fiscal,  Reforma Tributária e  projetos que estão parados na questão do crédito, o desenrola que a gente tá fazendo junto com Banco do Brasil, Caixa, Febraban e outros parceiros estão sendo ouvidos, enfim, nós temos quatro anos pra reestabelecer o ambiente saudável para o investimento no Brasil. 

O ministro ressaltou ainda que existem 70 milhões de Cadastros de Pessoas Físicas (CPFs) negativadas no Brasil. "Temos que fazer alguma coisa para permitir que as pessoas voltem à normalidade de suas vidas. E os credores tenham a sensibilidade de perceber que tem que dar uma contribuição para o desenvolvimento do país". 

Equilíbrio virtuoso

Para o ministro Haddad também é importante buscar um novo equilíbrio entre a inflação e as taxas de juros. "A gente está falando de uma inflação de menos de seis [por cento] pra uma taxa de juros de quase 14% Se eventualmente combinasse as duas coisas, você teria espaço para uma acomodação virtuosa desses dois vetores que não vai comprometer do ponto de vista do dólar e pode favorecer do ponto de vista do crédito. É pra isso que eu vou trabalhar".  

Negociação em bloco 

O  Lacalle [Pou, presidente do Uruguai] está quase pedindo pra fazer um acordo de cooperação com a China sozinho. E ele quer o melhor dos mundos: ficar no Mercosul e fazer um acordo de Livre-Comércio. É difícil de conciliar. O que eu defendo é o fortalecimento do Mercosul, acho que dentro do bloco temos que ter uma zona de livre comércio tanto quanto possível, superar barreiras internas, transformar efetivamente em um bloco econômico que negocie em bloco, com China, União Européia, com quem for. Não vejo razão pra adotar outro caminho. 

Crise na Fiesp

Ao final do encontro, o ministro respondeu a questionamentos dos jornalistas. Perguntado pela repórter Simone Queiroz, do SBT, sobre o momento que vive a Fiesp [houve tentativa de destituição do presidente, Josué Gomes, em assembléia extraordinária no dia 16 de janeiro , mas a ação foi posteriormente cancelada], Haddad evitou botar a mão em cumbuca. 

"Eu nao sei detalhes do problema interno que a Fiesp viveu e desejo que a Fiesp se organize o quanto antes, porque a agenda externa nossa é muito exigente, muito demandante (...). Temos uma agenda muito importante, essas questoes caseiras, todo mundo aqui é adulto e resolve, vamos fazer o que o pais espera da gente, porque é muita coisa e a pressa é grande", finalizou Haddad. 

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