Bolsa fecha em queda após medidas anunciadas por Lula e falas de Haddad
Investidores viram de forma indigesta a revogação de processos de privatização de oito estatais
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, fechou em forte queda nesta 2ª feira (2.jan), no primeiro pregão do ano. A reação negativa dos investidores veio a partir das medidas econômicas do novo governo, principalmente sobre a continuidade da desoneração dos combustíveis - além da revogação de processos de privatização de, pelo menos, 8 estatais.
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O índice encerrou o dia em queda de 3,06%, a 106.376 pontos e o dólar acompanhou o ritmo e fechou em alta de 1,52% cotado a R$ 5,358. O giro financeiro da sessão foi de R$ 15,4 bilhões. Entre as empresas listadas que mais sofreram no primeiro dia do ano estão Petrobras (PETR3; PETR4) com tombo de 6,67% e Banco do Brasil com queda de 4,23%.
Haddad manda recado para o mercado - e ele sente
O ministro Fernando Haddad, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o ministério da Fazenda, fez da cerimônia de posse uma oportunidade para mandar recados ao mercado financeiro, a quem estará na oposição ao governo e também para os antecessores que, durante a campanha eleitoral e na véspera da mudança de governo, editaram decretos que permitiram isenção de mais de R$ 10 bilhões em tributos para grandes empresas. As falas impactaram de maneira direta o mercado, que tem receio de uma política intervencionista, que é quando o Estado interfere na economia do país.
Haddad ressaltou ainda que, de imediato, as isenções foram revogadas porque, de acordo com o ministro, ferem a lei e foram concedidas sem avaliação de critérios técnicos. Enquanto discursava, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, acompanhava atenta na 2ª fileira do teatro do Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. O ministro da Fazenda fez questão de citar a colega de ministério e disse que eles devem trabalhar de forma conjunta, com entrosamento.
Haddad usou uma figura de linguagem e afirmou que, se antes Paulo Guedes era o chamado "posto Ipiranga" que centralizava todas as questões econômicas em uma única pasta, agora ele, Alckmin (Indústria), Tebet (Planejamento) e Esther Dweck (Gestão) serão uma rede de postos.
Após o fim da cerimônia, já na saída, Tebet seguiu a linha de Haddad e disse que nos próximos dias eles já farão reuniões conjuntas e que a ideia é agregar os planos e ideias para a política econômica do país. "Não estamos aqui para aventuras. Estamos aqui para assegurar que o país volte a crescer para suprir as necessidades da população em saúde, educação, no âmbito social e, ao mesmo tempo, para garantir equilíbrio e sustentabilidade fiscal", declarou.
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