Petrobras precisa investir em transição energética, defende transição
GT de Minas e Energia afirma que companhia atua no sentido oposto ao do movimento global das petroleiras
A Petrobras não pode se limitar à exploração de petróleo e deve investir na transição energética e em ampliar a capacidade de refino do país, afirmou nesta 5ª feira (8.dez) o grupo de trabalho de Minas e Energia do gabinete de transição. Integrantes do GT dizem que, na atual gestão, a companhia vai na contramão do movimento adotado por petroleiras em todo mundo.
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"A nossa visão é que a Petrobras está vivendo um modelo de empresa do século XX, quando todas as empresas de petróleo passaram para um modelo do século XXI, que é diferente [...] A maior parte das empresas passaram a ser empresas de energia", afirmou o coordenador executivo do grupo de Minas e Energia da equipe de transição, Mauricio Tolmasquim.
Em entrevista coletiva no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde funciona o gabinete de transição em Brasília (DF), Tolmasquim declarou que a atividade de exploração de petróleo é a mais rentável para a companhia e deve continuar sendo prioridade, mas a Petrobras precisa investir na transição energética.
"Claro que explorar o pré-sal, explorar os bancos de petróleo é uma prioridade, mas você não pode botar todos os ovos na mesma cesta. Você tem que se preparar para o futuro, tem que se preparar para um mundo em que o petróleo vai ter um papel menor. E hoje tem vários investidores, bancos financiadores, que não aceitam investir em empresas que não tenham por exemplo metas de descarbonização", complementou.
Coordenador dos grupos de trabalho da transição, Aloizio Mercadante disse ainda que o Brasil precisa aumentar a capacidade de refino do país, de modo a reduzir a dependência de combustível importado. "Nós precisamos maximizar a capacidade de refino instalada, para não ter que importar derivados, porque é isso que força a dolarização dos preços, por uma completa perda de visão estratégica da empresa", declarou.
Mercadante acrescentou que a guerra da Ucrânia mostrou a importância de uma visão de longo prazo sobre o abastecimento de combustível. "Um país que descobriu as reservas que nós descobrimos não pode importar derivado da forma que está importando. Isso não faz nenhum sentido econômico."