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Por que o Brasil conseguiu elevar o PIB, mas não reduziu a fome?

Economista explica a razão de o crescimento econômico não significar melhoria na qualidade de vida

Por que o Brasil conseguiu elevar o PIB, mas não reduziu a fome?
Comércio
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O Brasil teve um dos maiores avanços já registrados no Produto Interno Bruto (PIB): 3,6% entre o terceiro trimestre de 2021 e o mesmo período deste ano. Mas por que, mesmo com a economia gerando os atuais R$ 2,544 trilhões em três meses às empresas, ainda há 33,1 milhões de brasileiros sem garantia do que comer?

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Será que a riqueza gerada só será usufruida pela população daqui a um tempo? Não, responde o doutor e professor de economia do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), Ricardo Balistiero. E ele explica.

Primeiro, é importante a gente lembrar que o PIB não é qualitativo. Não temos garantia de que o dinheiro que entra nas empresas será investido nela mesma, gerando mais empregos. Nem de que será repassado como imposto aos governos, que poderiam aplicar em recursos para a população.

"O PIB é quantitativo. Pode crescer sem considerar uma inclusão. Foi o que aconteceu nos anos 1970. O Brasil cresceu muito, foi importante, mas nós não distribuímos de acordo com o crescimento", diz o economista. "O Brasil continua com aquela política de crescer e decrescer. Para que você possa perceber realmente o crescimento econômico, há necessidade de manutenção da taxa de crescimento por longos anos."

O Brasil nunca teve períodos longos e ininterruptos de alta do PIB até o final de 1999. Era a metade do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Após o terceiro trimestre daquele ano registrar -0,4%, o quarto reagiu com 0,5%. O seguinte, o primeiro trimestre de 2000, teve incremento de 1,3%. Com mais 2,4% e 3,8% em seguida. O ano foi concluído com o quarto trimestre avançando 4,4% e, assim, FHC concluiu seu mandato em 2001.

"Um período de muitos ajustes. A aprovação da lei de responsabilidade fiscal, as privatizações, enfim, então foi um período importante, quando criamos o tripé macroeconômico, que é a geração de superavit primário, o estabelecimento das metas de inflação e o câmbio flutuante", afirma o professor.

O legado foi respeitado por Luiz Inácio Lula da Silva, que colecionou registros positivos em seus dois mandatos. Houve picos de 5,8% no quarto trimestre de 2004, de 6,1% no quarto trimestre de 2007, de 6,3% nos dois primeiros trimestres de 2008 e de 6,5% ao fim do mesmo ano.

"Conseguimos ter uma taxa sustentada. O Lula entregou o crescimento econômico em mais de 7% em 2010. Aí você percebe uma melhora. Só crescimento não é suficiente para gerar inclusão. Mas não há inclusão sem crescimento", afirma Balistiero.

Auxílio Brasil

Para diminuir o desespero do brasileiro em ver os preços subindo e os salários diminuindo, Jair Bolsonaro estabeleceu o auxílio emergencial. Depois, o valor foi aumentando até chegar a R$ 600, e disponibilizado como Auxílio Brasil todo mês.

Esse benefício social somado aos pontuais, como o voucher de R$ 1 mil para caminhoneiros e taxistas a cada dois meses, injetaram R$ 41 bilhões na economia nacional entre agosto e dezembro.

Apesar de aliviar a situação de 53,58 milhões de pessoas, a medida sempre foi criticada por economistas, como Balistiero: "Conforme projetávamos lá no primeiro semestre, não ia adiantar muito dar o Auxílio Brasil. Porque teríamos de um lado a Selic [taxa básica de juros], que encareceria o crédito". Ou seja, o comércio continuaria aumentando preços. "Embora tenhamos um cenário de deflação, foi causado por medidas artificiais, como a redução dos tributos sobre combustíveis. Os alimentos continuaram sua trajetória de alta e o Auxílio Brasil foi neutralizado por essas variáveis", pondera ele.

Isso explica o porquê a atual formação do PIB mostra o setor de serviços em expansão. O segmento de informação e comunicação registrou 3,6% a mais. Desenvolvimento de software e internet, atividades financeiras, seguros e serviços relacionados registraram alta de 1,5%. Atividades imobiliárias, 1,4%. Entretanto, o comércio teve um período de menos movimento, com queda de 0,1%.

Se os brasileiros estavam recebendo dinheiro do governo federal, por que o comércio viu pouco desse montante? "Porque a Selic tá fazendo seu trabalho. Tá num patamar bem elevado, de quase 14%. Isso acaba impactando, principalmente, o crédito. Isso explica porque o comércio não cresce e outros serviços sim", explica o economista.

Ainda assim, os serviços cresceram, porém, sobre uma realidade bastante degrada do ano passado, quando a pandemia ainda estava presente. Tanto que até antes do novo coronavírus o setor representava 70% do PIB. Hoje em dia são 67%.

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