Indicador de horas trabalhadas da indústria de São Paulo tem alta no 2º trimestre
Salários e vendas reais também registram altas: têxteis, máquinas e equipamentos e alimentos são destaques
As horas trabalhadas na indústria paulista cresceram 3,9% no 2º trimestre do ano. A pesquisa Sensor foi divulgada pela Federação das Indústrias do Estado (FIESP) e pelo Centro das Indústrias (CIESP) nesta 5ª feira (28.jul).
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Salários reais médios também subiram: 0,2%. Outro indicador do levantamento é o de vendas reais, que tiveram alta de 1,8% na atividade conjunta. Produtos têxteis (+10,4%), máquina e equipamentos (+9,7%) e alimentos (+5,5%) foram os destaques. Alguma decepção, se é que houve, foi o dado sobre utilização da capacidade instalada, que passou de 80,3% em média para 80,4%, o que representa crescimento marginal de 0,1pp. A capacidade instalada e sua utilização são os termômetros do quanto a indústria está com o parque industrial em atividade: maior o índice, maior o desempenho da produção.
Veja a avaliação de Igor Rocha, economista chefe da Fiesp.
"Os bons resultados do primeiro trimestre estão linkados com a liberação de recursos do FGTS, a antecipação da 1ª parcela do 13º salário dos aposentados e pensionistas, e o retorno da atividade econômica à relativa normalidade, como é o caso dos setores de serviços e comércio. Além disso, a ampliação do Auxílio Brasil até dezembro também é um fator positivo para o aquecimento da economia."
Prós e contras
Ainda que os dados trimestrais apontem positivos, as variações em 12 meses ligam o alerta para o setor. As vendas reais têm retração de 9,8%. Os salários médios registram queda de 2,3%. E mesmo as horas trabalhadas exibem tendência de desacelração - pelo nono mês seguido.
A volta gradual da atividade após o auge da pandemia de Covid-19, liberações no Fundo de Garantia do Tempo de Serviços (FGTS), a primeira parcela do 13º salário jogaram a favor do desempenho positivo. Em observação ainda a ampliação do Auxílio Brasil até dezembro.
Mas a inflação alta, juros idem e as preocupações com a incerteza no panorama fiscal - sem esquecer as turbulências do período eleitoral - em nada colaboraram. A Pesquisa Sensor, também da indústria de São Paulo, encerrou julho com 48,3 pontos. Leituras abaixo de 50,0 pontos indicam retração na atividade industrial no mês em análise. "Tem ainda o alto custo com as matérias-primas necessárias à produção, que junto com os outros elementos citados tendem a impactar a economia de uma forma negativa, em algum momento do segundo semestre. Ou mesmo no começo do próximo ano, a gente vai começar a sentir esses impactos", aponta Igor Rocha.