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Diesel e gasolina vão continuar caros, avaliam analistas

Relação de oferta e demanda vai piorar com sanções à Rússia e resultados da economia chinesa

Diesel e gasolina vão continuar caros, avaliam analistas
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Os preços cobrados pelo diesel e pela gasolina nos postos de combustíveis do Brasil devem continuar preocupando motoristas, pelo menos, até o fim do ano, afirmam analistas de mercado. As avaliações já incluem os mais recentes fatores, que são a mudança da presidência da Petrobras e a possível aprovação da lei que diminui o ICMS cobrado pelos estados.

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A segunda troca no comando da estatal em menos de dois meses, de José Mauro Ferreira Coelho para Caio Paes de Andrade, apesar do barulho, não anima o mercado. Economistas demonstraram descredito. André Perfeito, da consultoria Necton, alertou em nota: "não nos parece razoável supor que irá mudar a política de preço da Petrobras, muito pelo contrário".

O projeto de lei do deputado federal Danilo Forte (União Brasil - CE), que estipula alíquota de 17% para o ICMS sobre os combustíveis pelos estados pode ser aprovado com facilidade nesta quarta-feira (25.mai) na Câmara dos Deputados. De lá, o texto precisa passar pela análise do Senado.

Para os analistas de mercado, o desconto dado agora deve ser cobrado de volta logo depois das eleições. Ou seja, no longo prazo não valerá a pena. E no curto também. Isso porque os valores dos combustíveis devem subir, de novo, em breve.

"A principal influência é o embargo ao petróleo russo, que os importadores estão evitando. A não ser a China e a Índia, que estão comprando o petróleo russo", disse Bruno Cordeiro, analista de energia na consultoria StoneX.

Tem como aumentar a oferta?

O mundo não poderia extrair mais matéria-prima, o petróleo? Sim. Inclusive, no dia 5 de maio, a Opep+, grupo com 13 dos maiores produtores, incluindo a Rússia, atendeu a uma solicitação de reunião do ocidente, que pedia mais produção ou controle de preços. Sem sucesso. No livre mercado se pode quase tudo e recuperar o que foi perdido durante a pandemia está dentro da legalidade.

"O investimento caiu durante a pandemia - e as instalações de petróleo, em alguns casos, não tiveram manutenção. Agora, eles estão descobrindo que não podem realmente entregar aumentos de produção na íntegra", disse David Feye, economista-chefe da Argus Media para a reportagem da BBC, que acompanhou a reunião.

Uma executiva do setor foi ainda mais direta: "Os russos estão satisfeitos com os preços neste nível", comentou Carole Nakhle, CEO da Crystol Energy.

Existem alternativas?

No planeta onde, na realidade, não se poderia mais explorar fósseis, porque no processo de transformação para os combustíves e na própria queima deles, se emitem gases de efeito estufa, vive-se um paradoxo. Seria a chance para a energia limpa entrar de vez no mercado. Mas, infelizmente, os biocombustíveis não são suficientes por motivos variados.

Em produção, a evolução é grande. Entre 2000 e 2019 esse segmento cresceu 10 vezes. São quase 3 milhões de barris por dia, informa o Insituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP). O Brasil é um dos maiores fabricantes, com 26,4%, e tem potencial para mais.

A base para os biocombustíveis, geralmente, é composta por vegetais como a soja. O Brasil é o maior produtor e neste ano deve colher quase 140 milhões de toneladas do grão, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Aliás, se você conversar com agricultores, vai descobrir que muitos investiram para aumentar produtividade por causa da possibilidade de vender para as usinas de biocombustíveis. Mas, essas indústrias não demandaram tanto quanto se esperava recentemente. O motivo? O incentivo prometido e não cumprido pelos governos federal e estaduais.

O federal deixou de aumentar a mistura dos bios nos fósseis. Em 2022, os combustíveis brasileiros deveriam ter 14% do produto vegetal na composição. Porém, para não provocar ainda mais o mercado de fósseis, o o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), decidiu interromper o planejamento da Política Nacional de Biocombustíveis (Renovabio) e, na contramão, diminuiu a mistura de 13% para 10%.

Para que o valor do bio não interferisse tanto no valor do combustível vendido nos postos, os estados poderiam subsidiar o produto. Bruno explica que "os únicos estados que reduziram o ICMS foram São Paulo, com 13,3%, e Minas Gerais, com 16%. Enquanto a maioria cobra, em média, 25%".

Se tivéssemos mais incentivos fiscais e "uma alteração de 1% a mais de bios na mistura do combustível, beneficiaríamos as usinas", comenta Bruno, e teríamos, enfim, uma transição energética em andamento. Em um curto prazo, talvez perceberíamos um aumento de valor de poucos centavos, que logo se recuperariam com a oferta aumentando, o preço caindo e nossa saúde - financeira e física - mais preservados.

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