Aumento de casos de gripe preocupa ao menos 7 estados brasileiros
Rio de Janeiro ratificou estado de epidemia; outros estados acenderam alerta
Casos de gripe aumentaram significamente nas últimas semanas em ao menos sete estados brasileiros. São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Amazonas e Pará registraram novos números relacionados ao vírus da gripe e estão em alerta para uma possível epidemia. No Rio de Janeiro, já foi ratificada epidemia pelo H2N3, subtipo do vírus da gripe Influenza A. Na Bahia, um óbito pela cepa foi registrado.
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Pelo menos quatro cidades do Rio de Janeiro já registraram aumento do número de casos gripais. De 17 a 23 de novembro, antes do surto de influenza, as 18 UPAs da rede estadual localizadas na capital fluminense tiveram uma média de 196 atendimentos por síndrome gripal por dia. Já entre 1º e 8 de dezembro, o número passou para 3.899 atendimentos diários.
Em São Paulo, só na capital, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS-SP) registrou um total de 111.949 atendimentos de pessoas com sintomas gripais, sendo 56.220 suspeitos de covid-19. Neste mês, na primeira quinzena, foram registrados 91.882 atendimentos com quadro respiratório.
"A influenza sazonal é uma doença infecciosa febril aguda com maior risco de complicações em alguns grupos vulneráveis. A doença pode evoluir para formas mais graves como Síndrome Respiratória Aguda Grave e até óbito", informou a pasta. "Neste ano, no município de São Paulo, foram notificados 119.873 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), com necessidade de hospitalização. Desses, 205 (0,2%) foram confirmados como provocados pelo vírus influenza", acrescentou.
A Bahia registrou a primeira morte causada pela Influenza A H3N2. A vítima, uma mulher de 80 anos que residia em Salvador e não estava vacinada contra a gripe, era portadora de doença cardiovascular crônica e diabete. "A predominância dos casos está aqui em Salvador e também temos casos em outros municípios e quatro de outros estados. Alertamos a população sobre os cuidados de prevenção e a vacinação", destacou a secretária de Saúde do Estado, Tereza Paim.
No Espírito Santo, também foi observado que, nas últimas duas semanas, a procura por Unidades de Pronto Atendimento superou a quantidade estimada para época, com aumento também de exames analisados e da taxa de positividade por Influenza. Em outubro, a taxa era de 0,04%, e em dezembro, até o dia 13, a porcentagem subiu para 7,3% em todo o estado.
Em todo o estado do Amazonas, os casos dispararam. Foram de 62 em novembro para 295 até 9 de dezembro. Há um surto também em Belém, no Pará, onde hospitais e postos estão lotados.
Já em Minas Gerais, até o momento foram detectadas 67 casos positivos para o vírus influenza A/H3N2.
Baixa cobertura vacinal
Segundo o infectologista Hemerson Luz, a gripe é uma doença sazonal e ocorre mais nos meses mais frios no inverno. Por isso, não é comum que haja aumento significativo no número de casos nessa época do ano. "Porém temos que considerar primeiro que a cobertura vacinal está abaixo do esperado para prover uma proteção para a população. A nível nacional, está cerca de 70% e necessitamos de uma cobertura de 95%", explica.
Além disso, de acordo com o médico, as pessoas estão saindo mais, se aglomerando, indo às compras e fazendo confraternizações, o que facilita as transmissões. Ele reforça que as medidas de higiene para conter a covid-19 devem ser as mesmas para a influenza. "Usar máscara em locais fechados, evitar aglomeração e higienizar as mãos constantemente", recomenda.
Valéria Paes, médica infectologista da Sociedade de Infectologia do DF, conta que um dos motivos para a baixa cobertura vacinal é que, em 2021, houve priorização para a vacina contra covid-19. "Muitas pessoas se sentiam supostamente protegidas por conta das outras medidas de prevenção de vírus respiratórios e pelo fato de pouca menção a esse agente etiológico", explica.
H3N2
O infectologista alerta que o aumento do número de casos de influenza deve ser investigado pelas autoridades sanitárias. "O vírus H3N2 que está relacionado como prevalente nos casos apresentados faz parte do grupo de proteção da vacina trivalente que está sendo utilizado na campanha nacional de imunização. Portanto, se está ocorrendo o surgimento de alguma cepa em que a vacina seja menos eficaz, isso deve ser investigado", afirma.
A vacina contra a influenza é modificada a cada ano, uma vez que a gripe é uma doença sazonal e, portanto, o vírus sofre mutações de acordo com o ambiente e com a adaptação das pessoas. "Essas mudanças são previstas de acordo com as cepas que estão circulando e estão prevalentes no mundo. Por isso, as vacinas devem ser modificadas e adaptadas anualmente", reitera Hemerson Luz.