"Apresentamos um relatório técnico", diz relator da CPI das Pirâmides Financeiras
Documento pede indiciamento de 45 pessoas, incluindo o ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho
O relator da CPI das Pirâmides Financeiras, deputado federal Ricardo Silva (PSD-SP), afirmou nesta 2ª feira (9.out) que o colegiado apresentou ao Brasil um relatório "técnico".
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"Todo mundo já pôde acompanhar, já está publicado no site da Câmara, um documento com mais de 500 páginas de investigação. Um documento que traz o verdadeiro conceito de uma CPI", complementou, em coletiva de imprensa antes de o documento ser votado pelo colegiado. A votação está prevista para hoje.
O relatório final sugere o indiciamento de 45 indivíduos, incluindo o ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho, o "Faraó dos Bitcoins" e os sócios da 123 Milhas. Há no documento ainda, disse Ricardo Silva na coletiva, "outras dezenas de pessoas" que entendeu haver elementos para configuração de crimes, mas que é preciso aprofundar a investigação. Estas contarão com encaminhamento, na esfera penal, para o Ministério Público Federal, a Polícia Federal e para polícias civis também onde existem inquéritos em andamento.
"Fora esse trabalho de apuração, estamos apresentando projetos para cercar esses crimes que aconteceram no Brasil e que viraram febre. Eu hoje abri o meu Instagram, por coincidência eu vi uma pessoa fazendo um anúncio de investimento em criptomoedas. Eu faço questão de ler às senhoras e aos senhores, porque é a prova de que esta CPI não pode acabar aqui. Os crimes estão em andamento", acrescentou.
Para Ricardo Silva, a comissão "se encerra com uma fotografia". "O relatório vai mostrar fraudes. Nós pegamos aqui os maiores 'piramideiros' do Brasil. Mas não são apenas eles. Tem muito mais gente envolvida com esse crime em andamento em nosso país e que está lesando milhares ou milhões de brasileiros e brasileiras. E se essa CPI não seguir agora com apurações, com PF, com MPF, esse trabalho, que foi um trabalho hercúleo, ele não pode parar por aqui, ele deve continuar".
Ainda de acordo com deputado, a Polícia Federal está "muito animada" com o trabalho realizado pela comissão. "Aliás, também deixar claro uma coisa: aqui no relatório, quebras de sigilos, documentos sigilosos, nós tornamos públicos, porque o STF diz que com o relatório de uma CPI o documento deve se tornar público, não há outra saída", disse o relator.
"Mas nós temos outras centenas ou milhares de dados ainda em sigilo, que por questão nós não podemos divulgar, mas todos esses dados, absolutamente todos, serão compartilhados com a PF, com o MPF e dos estados para que possam dar prosseguimento às investigações".
Também nas palavras de Ricardo Silva, "nada do que foi apurado na CPI é fruto de opinião política, é fruto de debate ideológico". "Talvez essa tenha sido uma CPI que deu muitos resultados investigativos porque ela esteve livre de qualquer tipo de contaminação político-partidária".
Ele prosseguiu: "Aqui é uma Casa política, é a Câmara dos Deputados. Mas a CPI precisa ser um órgão técnico de investigação. Então tudo isso é fruto de relatório de inteligência, tudo isso é fruto de análises de servidores desta casa, da PF, análise de inteligência do Coaf, tudo isso é fruto de um trabalho investigativo muito amplo".
Balanço
Na coletiva, o presidente da CPI, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), ressaltou que a comissão teve 226 requerimentos recebidos, 601 ofícios expedidos e 65 pessoas ouvidas, sendo 27 como convidadas e 38 como convocadas. "Tivemos 97 quebras de sigilos bancários. Tivemos quebras de sigilo fiscal e Coaf de 103 pessoas. Tivemos quebra de sigilo de dados junto às corretoras de 131 pessoas", acrescentou.
Ele classificou o relatório de Ricardo Silva como "brilhante". Além disso, salientou que o setor de criptoeconomia cresce no mundo todo. "O Brasil é um país que mais utiliza internet no mundo e a gente tem mais de 10 milhões de usuários hoje transacionando no nosso país. Na Bolsa de Valores se estima que são 5 milhões de clientes, e na criptoeconomia são mais de 10 milhões de cientes".
