Publicidade

Com embate, marco temporal entra na fila das pautas ambientais do Senado

Direito a terras indígenas deve caminhar a passos lentos; paralelo ao Congresso, STF retoma julgamento

Com embate, marco temporal entra na fila das pautas ambientais do Senado
Indígena
Publicidade

Após aprovação com folga na Câmara dos Deputados, a discussão do marco temporal chegou ao Senado e deve demorar para ser retomada. O projeto deixou de estar em regime de urgência e vai ser analisado por duas comissões, que ainda não definiram os próximos passos. Entre interlocutores que atuam na área de meio ambiente, a expectativa é que o tema seja discutido sem pressa - isso por uma sinalização dada pelo próprio presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ao governo, e pela perspectiva de haver mais pressão a outros temas que estacionaram na Casa - como os projetos que tratam sobre agrotóxicos e licenciamento ambiental.

Na última semana, Pacheco se reuniu com ministros, representantes da agricultura e de movimentos indígenas no Senado, e se comprometeu a discutir a proposta com cautela, o que deve dar tempo para conclusão do julgamento do mesmo tema no Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte prevê retomar a discussão na próxima 4ª feira (7.jun). Até o momento, dois ministros votaram - o relator, Edson Fachin, que se colocou contra o marco temporal, e o ministro Nunes Marques, a favor.

O principal ponto apresentado pelo marco temporal é o de que os indígenas só devem ter direito a determinado território se comprovarem que estavam no local desde a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. A possibilidade é criticada por instituições e pelos povos originários, que apontam questões culturais e de conflito relacionadas à migração. Na prática, a tese pode permitir que grupos originários sejam expulsos de terras em que vivem atualmente, se não comprovarem estar no local desde 1988. A medida também pode suspender processos de demarcação de terras, conforme apontam instituições.

+ Leia as últimas notícias no portal SBT News

Caso seja aprovado, o marco temporal também pode fazer com que áreas sem titularidade sejam comercializadas - o que é defendido por ruralistas. Entre as justificativas apresentadas pelo setor estão o pedido para uma definição jurídica mais clara frente às demarcações, maior aproveitamento agrícola de regiões e o fato de que não haja riscos de produtores rurais perderem terras. 

Os pontos são questionados por ambientalistas, que defendem o reconhecimento de regiões indígenas como contribuição para a proteção ambiental. A possibilidade de crimes contra o meio ambiente em terras demarcadas por indígenas também é uma possibilidade, segundo o ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas e em Roraima Alexandre Saraiva.

"A proposta vai atingir diretamente a preservação do meio ambiente na Amazônia.  Digo isso com base no meio ambiente. O que sobrou de floresta Amazônica no Maranhão, por exemplo, está em terras indígenas, unidades de conservação. Se você olhar a terra indígena Guajajara, vários grileiros já fizeram cadastro ambiental sobre a terra", diz Saraiva.

Decisão sobre o marco temporal

A discussão do marco temporal no STF está prevista para ser retomada na 4ª feira (7.jun), e analisa uma disputa pela posse da Terra Indígena Ibirama, em Santa Catarina. A área está em discussão entre os povos e a procuradoria do estado. Por ser de repercussão geral, o resultado do julgamento poderá servir como exemplo para demais ações indígenas. O julgamento foi suspenso em setembro de 2021, após um pedido para mais tempo de análise, do ministro Alexandre de Moraes. O placar está em 1 a 1. 

Como próxima etapa no Senado, o marco temporal será discutido na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, presidida pela senadora Soraya Thronicke (União-MS). O projeto foi encaminhado ao colegiado na última 6ª, e ainda está sob análise da congressista, que vai definir um senador da comissão para conduzir a discussão do tema. Caso seja aprovado, o texto seguirá para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, e, depois, para o plenário.

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

portalnews
justiça
congresso
marco temporal
terras indígenas
terras
indígenas
lis-cappi
lis cappi
demarcação de terras indígenas

Últimas notícias

Eleições 2024: PT fecha apoio ao União Brasil em duas cidades

Eleições 2024: PT fecha apoio ao União Brasil em duas cidades

Partido de Lula formalizou presença nas chapas em Caraguatatuba e Parauapebas
"Os Estranhos": Elenco revela detalhes da trilogia de terror em entrevista exclusiva

"Os Estranhos": Elenco revela detalhes da trilogia de terror em entrevista exclusiva

Primeiro filme estreia no dia 30 de maio e os próximos dois em menos de um ano
Saxofonista norte-americano David Sanborn morre aos 78 anos

Saxofonista norte-americano David Sanborn morre aos 78 anos

Artista lutava conta um câncer de próstata desde 2018
Moraes concede liberdade provisória a ex-chefe da PM do DF suspeito de omissão no 8/1

Moraes concede liberdade provisória a ex-chefe da PM do DF suspeito de omissão no 8/1

Ex-comandante do Departamento de Operações, coronel Jorge Eduardo Naime estava preso desde fevereiro de 2023
Força Nacional do SUS faz mais de 1,6 mil atendimentos às vítimas das enchentes no RS

Força Nacional do SUS faz mais de 1,6 mil atendimentos às vítimas das enchentes no RS

No Hospital de Campanha montado no município de Canoas, foram 1.034 atendimentos
Lula dá "bronca" em ministros e pede cuidado em anúncios

Lula dá "bronca" em ministros e pede cuidado em anúncios

Em reunião, presidente fez pedido para que declarações públicas venham apenas após conversas para que os projetos sejam estruturados
Cães continuam "nadando" após resgates em tragédia no RS

Cães continuam "nadando" após resgates em tragédia no RS

Mais de 10 mil animais já foram salvos das inundações. Cachorros reagem com medo no momento dos resgates
Mãe e filha perdem tudo em enchente e trabalham como voluntárias no RS

Mãe e filha perdem tudo em enchente e trabalham como voluntárias no RS

Após terem sua residência tomada por inundação, elas passaram a trabalhar na linha de frente do enfrentamento à tragédia
Cidade na região metropolitana de Porto Alegre está 100% inundada

Cidade na região metropolitana de Porto Alegre está 100% inundada

Os cerca de 40 mil habitantes de Eldorado do Sul tiveram que deixar suas casas
Rio Grande do Sul tem 450 cidades afetadas pelas chuvas

Rio Grande do Sul tem 450 cidades afetadas pelas chuvas

Segundo último boletim divulgado pela Defesa Civil, condições climáticas já causaram 147 mortes e 127 pessoas estão desaparecidas
Publicidade
Publicidade