Empresário cita alta na venda de ivermectina, mas evita culpar Bolsonaro
Jailton Batista foi ouvido pela CPI da Covid; senadores querem indenização a pacientes "enganados" por empresas
O empresário Jailton Batista, diretor da farmacêutica Vitamedic, confirmou nesta 4ª feira (11.ago) o aumento na venda de ivermectina, remédio sem eficácia comprovada contra a covid-19, durante a pandemia. Batista, no entanto, evitou atribuir influência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que defende o uso dos medicamentos do chamado "kit covid" para o tratamento do novo coronavírus.
"Nossa empresa não fez qualquer articulação com o presidente Bolsonaro na promoção e divulgação do produto. Se ele o fez, fez espontaneamente. Nós não tivemos qualquer participação nisso", disse Batista.
O empresário contou que os picos de venda aconteceram em três ocasiões: "Junho e julho, não tinha sido divulgado qualquer manifesto, qualquer documento da associação médica em relação à promoção de tratamento precoce e não se falava nesse assunto [...] Em janeiro, também foi um momento de grande volume. A pandemia cresceu e foi também um momento de grande produção nossa, aumentou muito a demanda, e o manifesto foi publicado em fevereiro".
Durante o depoimento, senadores defenderam que pacientes e familiares de vítimas que utilizaram ivermectina cobrem indenizações por terem sido "enganados" por falsos tratamentos contra covid-19.
"Alguém, de uma forma ou de outra, vai ter que pagar esses custos. Como ela [a Vitamedic] não pode dimensionar qual foi o impacto e a evolução da venda e da produção do remédio em função da propaganda do presidente e da sua família, vai sobrar para a indústria o pagamento dessas óbvias indenizações. Esta terá que ser uma consequência da Comissão Parlamentar de Inquérito", disse o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL).