Publicidade

Bolsonaro sofre derrota e Câmara rejeita PEC do voto impresso

Projeto obteve apenas 229 votos dos 308 necessários para ser aprovado em plenário

Bolsonaro sofre derrota e Câmara rejeita PEC do voto impresso
Publicidade

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sofreu, na noite desta 4ª feira (11.ago), sua principal derrota na Câmara com a reprovoção da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso. A PEC obteve apenas 229 votos dos 308 necessários para ser aprovada em plenário, e, agora, foi arquivada.

A análise do projeto ocorreu horas depois do desfile de blindados das Forças Armadas, apoiado pelo chefe do Executivo, e criticado por parlamentares, que se sentiram "intimidados" pelo Palácio do Planalto. No total, houve 218 votos contrários à PEC e uma abstenção. Foram 15 os partidos que orientaram suas bancadas para votar pela rejeição do texto, de modo que o Progressistas (PP), o Patriota, o PSC, o PROS e o PTB liberaram seus deputados para votarem como quisessem, e apenas o Republicanos e o Podemos orientaram pelo voto a favor.

Após a divulgação do placar final, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pontuou: "A democracia do plenário desta Casa deu uma resposta a esse assunto e, na Câmara, eu espero que esse assunto esteja definitivamente enterrado".

Na última 5ª feira (5.ago), a comissão especial já havia rejeitado o parecer favorável à volta do voto impresso, por 23 votos a 11. Apenas cinco partidos orientaram favoravelmente ao texto: PSL, Podemos, PTB, PP e Republicanos. Outros 12 foram contrários à matéria: PL, PSD, PT, MDB, PSDB, PSB, Solidariedade, PSOL, PCdoB, PV, DEM e Rede. Cidadania e Novo liberaram seus deputados.

Mais cedo, Lira disse que, se o texto não fosse aprovado, Bolsonaro "aceitaria o resultado do plenário" e que há matérias "mais importantes" discutidas no país, como as reformas, que deveriam ganhar mais atenção da população. A PEC foi levada ao plenário depois que Lira explicou, na 6ª feira (6.ago), que as comissões têm caráter opinativo e não terminativo. Por isso, mesmo com a derrota no colegiado, poderia ser analisado pelos 513 parlamentares. 

"Parlamentares são livres, cada um expressa o seu voto. Vamos esperar o resultado. Tanto um resultado como outro terão consequências. Se passar, teremos segundo turno, [votação no] Senado. Se não passar, o presidente da República aceitará o resultado do plenário", afirmou na 3ª feira (10.ago). "Nesse processo de hoje, torço para que não haja vencedores ou perdedores, porque é uma matéria como outra qualquer. Temos matérias muito mais importantes no Brasil", completou.

A volta do voto impresso é uma pauta prioritária de Bolsonaro, defendida desde a campanha eleitoral de 2018. Nos últimos meses, o tema causou uma escalada de crise entre os Poderes. A proposta tem sido criticada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, que virou alvo de ataques de Bolsonaro.

Desfile militar

A Operação Formosa, da Marinha do Brasil, ocorre anualmente desde 1988, em Formosa, Goiás. Mas, neste ano, foi a primeira vez que o evento contou com a participação do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira. Foram às ruas 40 blindados, entre caminhões e tanques, em um desfile em frente ao Palácio do Planalto. 

Após o desfile, parlamentares de Centro e de esquerda fizeram um ato contra na rampa do Congresso Nacional e depois no Salão Nobre da Câmara. Eles carregavam cartazes escritos "democracia". "Essa, que era para ser uma demonstração de força, será uma demonstração de fracasso e de fraqueza do governo", disse Kim Kataguiri (DEM-SP).

Em nota, partidos políticos de oposição a Bolsonaro também reagiram ao desfile desta 3ª feira. "É inaceitável, ainda, que as Forças Armadas permitam que sua imagem seja exposta desta maneira", assinalou o documento.

Análise da PEC do voto impresso

Na fase de discussões sobre a PEC do voto impresso na Câmara, na sessão desta 3ª feira, os deputados Marcel Van Hattem (Novo-RS), Caroline de Toni (PSL-SC), Bia Kicis (PSL-DF) -- autora do texto --, Coronel Tadeu (PSL-SP) , Carlos Jordy (PSL-RJ) e Soraya Manato (PSL-ES) discursaram a favor da aprovação da proposta. Já Fernanda Melchionna (Psol-RS), Arlindo Chinaglia (PT-SP), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Carlos Zarattini (PT-SP), Odair Cunha (PT-MG) e Alice Portugal (PCdoB-BA) falaram contrariamente.

Kicis afirmou que o "rumo do debate foi completamente desvirtuado". "Eu estudo a questão do voto impresso, da urna eletrônica, desde 2014", completou. Apesar de não ter sido comprovada qualquer fraude nos pleitos com urnas eletrônicas, a parlamentar disse ainda que sempre acompanhou "a quebra de vários sistemas de segurança da urna eletrônica".

Governistas insistiram que a urna não é confiável, dizendo que não é possível auditá-las, que a tencnologia utilizada é antiga e que a apuração dos votos, após as eleições, é feita em uma sala secreta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - pontos já desmentidos pela Corte. A oposição, por sua vez, relembrou que o voto eletrôico já é auditável, que fraudes eram comuns antes das urnas e que estas não podem ser hackeadas por não ficarem em rede.

Nas palavras de Alice Portugal, com a PEC, o que estava sendo "projetado é um processo de desacreditar as eleições futuras". Os governistas tentaram ainda colocar para deliberação um requerimento de adiamento, por cinco sessões, da votação definitiva do texto, mas, como a PEC não foi modificada na sessão, conforme o regimento interno da Câmara, o processo precisou seguir normalmente.

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

portalnews
congresso
voto impresso
câmara
pec do voto impresso
jair bolsonaro
gabriela-vinhal
guilherme-resck
sbtnews
votos
partidos
discursos
arthur lira
tse
tanques
desfile

Últimas notícias

Alckmin defende diálogo entre governo e Congresso sobre a desoneração da folha

Alckmin defende diálogo entre governo e Congresso sobre a desoneração da folha

Vice-presidente participou da abertura da Agrishow, uma das maiores feiras do agronegócio do país, em Ribeirão Preto (SP)
CPI das Apostas e Novo DPVAT: Congresso tem semana morna por feriado de 1º de maio

CPI das Apostas e Novo DPVAT: Congresso tem semana morna por feriado de 1º de maio

Proposta que trata do DPVAT pode liberar Executivo a gastar cerca de R$ 15 bilhões neste ano
PF investiga suspeita de compra de votos em cidade do interior de Roraima

PF investiga suspeita de compra de votos em cidade do interior de Roraima

Município passou por eleições suplementares neste domingo (28), após o então prefeito ter seu mandato cassado pelo TSE
Tornados deixam ao menos quatro mortos em Oklahoma, nos Estados Unidos

Tornados deixam ao menos quatro mortos em Oklahoma, nos Estados Unidos

Hospitais em todo o estado relataram cerca de 100 feridos
Biden reitera oposição à invasão de Rafah em ligação com Netanyahu

Biden reitera oposição à invasão de Rafah em ligação com Netanyahu

Presidente dos Estados Unidos pediu também que ajuda humanitária em Gaza seja aprimorada
Filha de Samara Felippo é vitima de racismo em escola particular de São Paulo

Filha de Samara Felippo é vitima de racismo em escola particular de São Paulo

Atriz disse que viu uma ofensa racista escrita no caderno da menina. Coordenação do colégio foi acionada
Acidente de ônibus mata pelo menos sete pessoas no interior de Minas Gerais

Acidente de ônibus mata pelo menos sete pessoas no interior de Minas Gerais

Veículo, que era ocupado por cerca de 54 passageiros, tombou na BR-116 e tinha como destino Campinas, no interior de São Paulo
Caso Joca: Tutores de pets fazem protestos em aeroportos do país após morte de cachorro

Caso Joca: Tutores de pets fazem protestos em aeroportos do país após morte de cachorro

Golden retriever de quatro anos faleceu após erro logístico da Gol. Manifestantes reivindicam pela mudança nas regras no transporte de animais
Ativistas indígenas e quilombolas estão entre mais vulneráveis à violência no Brasil, diz ONU

Ativistas indígenas e quilombolas estão entre mais vulneráveis à violência no Brasil, diz ONU

Relatora também afirma que governo brasileiro tem conhecimento do risco, e ainda não foi tomada nenhuma providência
Pai de Anderson Leonardo, do Molejo, faz homenagem ao filho: "Sua música vai abraçar gerações"

Pai de Anderson Leonardo, do Molejo, faz homenagem ao filho: "Sua música vai abraçar gerações"

Produtor Bira Haway lamentou morte do artista em post no Instagram; velório e sepultamento ocorrem neste domingo (28), no Rio de Janeiro
Publicidade
Publicidade