CPI ouve Dimas Covas, diretor do Instituto Butatan, nesta 5ª feira
Senadores querem esclarecer como se deu a compra da CoronaVac por parte do Ministério da Saúde
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia ouve nesta 5ª feira (27.mai) Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, órgão vinculado ao governo de São Paulo, que desenvolveu a CoronaVac em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Ele é a décima testemunha convocada para depor ao colegiado, que apura ações do governo federal no combate à crise da covid-19 e o repasse de recursos federais a estados e municípios.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), quer esclarecer a demora por parte do Ministério da Saúde para comprar os imunizantes, que começaram a ser aplicados em 17 de janeiro. O "G7", grupo de senadores independentes ao Palácio do Planalto e de oposição, avalia que houve negligência da pasta na compra das vacinas.
Em outubro do ano passado, o até então ministro da Saúde Eduardo Pazuello anunciou que havia assinado um protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da CoronaVac. No dia seguinte, contudo, Bolsonaro disse, em uma rede social, que o governo federal não compraria a vacina, em decorrência de um conflito político com o governador paulista, João Doria (PSDB).
O governo só foi fechar acordo com o instituto em janeiro deste ano. À época, Pazuello afirmou que a compra só foi possível devido a uma medida provisória (MP), que autorizava a aquisição de imunizantes antes da autorização do registro ou de uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Ouvido na semana passada pela CPI, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi questionado sobre as falas de Bolsonaro referentes à CoronaVac. O general, contudo, negou que tenha sido pressionado pelo presidente para não adquirir as doses.
"Quando o presidente recebe uma posição de um agente político de São Paulo [governador João Doria], ele se posiciona como agente político também daqui para lá. Isso não interferiu em nada no que estávamos falando com o Butantan. Aliás, tínhamos reuniões com o Butantan semanalmente, idas e vindas, desde então, por novembro e dezembro, sem parar", disse o ex-ministro.