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"Desigualdade no Brasil é maior do que o imaginado", afirma diretor da FGV Social

Conclusão veio após Fazenda divulgar dados sobre a distribuição de riqueza no país com base no Imposto de Renda

"Desigualdade no Brasil é maior do que o imaginado", afirma diretor da FGV Social
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O pós-doutor em economia e diretor da FGV Social, Marcelo Neri, avalia que o relatório apresentado pelo Ministério da Fazenda com detalhes sobre a distribuição de riqueza no país baseado no Imposto de Renda Pessoa Física 2022 demonstra que, mesmo com o auxílio emergencial, ao contrário do que se acreditava, a desigualdade brasileira aumentou durante a pandemia.

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"Uma primeira lição desse exercício é que a desigualdade é bem maior do que a gente imaginava que o Brasil tinha quando a gente olha os dados do Imposto de Renda."

O relatório apresenta dados do IRPF 2022, referente ao exercício de 2021, quando a pandemia da Covid-19 ainda estava no auge. Segundo o documento, os 10% mais ricos concentravam 58,6% da riqueza nacional e se fossem agregados por patrimônio declarado ao invés de renda, esses valores seriam ainda mais expressivos.

"O grupo que mais perdeu, e perdeu bem mais do que tanto pobres quanto os ricos, foi a classe média durante a pandemia. E a gente só consegue enxergar essa estrutura de renda com detalhes no topo, apenas com os dados do Imposto de Renda. Então, mostra que o filme da pandemia foi um filme mais difícil do que se imaginava em termos de desigualdade de renda e a fotografia é bem maior do que a nossa já conhecidamente alta desigualdade brasileira", afirma o economista.

A desigualdade também se reflete no momento das deduções do IR. Segundo o Ministério da Fazenda, enquanto os 10% mais ricos responderam por 41,6% do total de deduções, aqueles que têm menor renda tiveram despesas dedutíveis declaradas próximas a zero.

Para Marcelo Neri esse é um dos pontos que deve ser revisto em uma futura reforma do Imposto de Renda. Ele destaca que essa base de dados mais precisa e detalhada vai permitir políticas mais assertivas.

"Quando a gente pega só a pesquisa domiciliar, a gente acha que o 0,1% mais rico tem uma renda de R$ 35 mil reais. Quando você olha para a combinação das bases de dados, você chega a uma renda três vezes maior. Então, quando você está desenhando políticas públicas, em particular, políticas tributárias, imposto de renda, riqueza, etc., você precisa ter essa essa base mais fidedigna", acrescenta.

A reforma do Imposto de Renda, antes prevista para 2024, deve ficar para 2025. Este ano, o calendário de votações no Congresso Nacional será encurtado em virtude das eleições municipais. O foco da equipe econômica será na regulamentação de pontos da Reforma Tributária sobre o consumo, aprovada em dezembro do ano passado.

Desigualdade entre regiões

Outra disparidade que também ficou evidente no relatório do Ministério da Fazenda foi entre as regiões do país. A renda média total anual nas declarações do Imposto de Renda de Pessoa Física de 2022 para o Brasil foi de R$ 122.508, o equivalente a cerca de R$ 10.209 mensais. Apenas cinco unidades federativas, todas localizadas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste (Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro), apresentaram renda média superior à média nacional. Outros 22 estados registraram rendimento médio inferior.

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