Brasileiras com próteses de mama da empresa 'PIP' têm direito à indenização
Há mais de 10 anos, o uso da marca francesa foi proibido pela Anvisa, por fraude na composição do produto; 30 mil mulheres podem solicitar
Ao menos 30 mil brasileiras, que implantaram prótese de mama da empresa 'PIP', têm direito à indenização na Justiça francesa. Há mais de 10 anos, o uso da marca foi proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, por fraude na composição do produto.
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Laura foi uma das mais de 400 mil mulheres em todo o mundo que implantaram próteses fabricadas pela empresa francesa. Após a cirurgia, em 2009, o produto se espalhou pelas axilas e clavícula de Laura, e ela começou apresentar reações como cansaço extremo.
"Eu fiquei com depressão. Fiquei com muitas doenças, e não sabia o porquê. Eu sentia que ia morrer. Eu estava pensando em suicídio", ela lembra.
A cápsula da 'PIP' rompe facilmente, e descobriu-se que o conteúdo mistura silicone a produtos químicos prejudiciais à saúde, que deixam a prótese mais barata. "Se você não fizer uma nova cirurgia para retirar esse implante, esse gel pode começar a irritar os seus tecidos, pode dar uma inflamação, e você pode ter uma infecção", explica o representante da Associação Brasileira de Cirurgia Plástica, Guilherme Bersou.
A adulteração foi revelada em 2010. Dezenas de milhares de mulheres, que já recorreram à justiça francesa, foram indenizadas pelos prejuízos físicos e psicológicos. A Associação de Vítimas de Implantes Defeituosos, que representa mulheres de 40 países, está incentivando que as brasileiras, que sofreram danos provocados pelas próteses francesas, também entrem na Justiça. O pedido pode ser feito pela internet, sem custo inicial. O prazo é de menos de três meses.
Segundo a advogada da associação, que tem base na Colômbia, as indenizações variam entre 9 mil e 40 mil euros, o equivalente a até cerca de R$ 200 mil. "Não é necessário fazer nenhum pagamento, só se ganhar a indenização, de 3% a 35% aproximadamente", ela afirma.
Como a fabricante foi à falência, quem indeniza as vítimas é uma empresa alemã, que atestava a qualidade do produto da 'PIP'. As próteses mamárias atuais estão na sexta geração, mas, é preciso manter alguns cuidados, como exames anuais. "Saber que tipo de implante, qual a marca que está fazendo, guardar as etiquetas para você ter isso com você", enfatiza o representante da Associação Brasileira de Cirurgia Plástica.
A Laura ainda está com silicone. "Quero muito tirar, mas a situação econômica não ajuda", ela lamenta. A nova cirurgia, agora, depende do pagamento da indenização.