Centenas de vietnamitas estão retidos em aeroporto de São Paulo por falta de visto
Chegada em massa dos asiáticos levanta a suspeita de atuação de uma rede de contrabando de migrantes
Centenas de vietnamitas estão retidos em uma área restrita do Aeroporto Internacional de São Paulo por falta de visto. Essa chegada em massa dos asiáticos levanta a suspeita de atuação de uma rede de contrabando de migrantes.
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São 358 vietnamitas sem autorização para permanecer no Brasil, que estão em um espaço inadequado no Terminal 3 do aeroporto. "Havia uma dificuldade de processamento e isso gerava uma série de problemas, como dificuldade de alimentação, falta de espaços adequados para higiene, falta de itens de higiene pessoal", afirma o defensor público João Chaves.
Mais da metade do grupo desembarcou em São Paulo no último fim de semana, em escalas de voos com destino a outros países da América do Sul.
Para Rodrigo Gallo, professor de relações internacionais, a escolha não foi por acaso: "quando ele chega aqui, ele informa às autoridades que ele não pretende fazer a conexão, que ele não tem o visto e que ele quer entrar no Brasil com um visto de refugiado ou de asilado. Provavelmente essas pessoas, ou elas sabem, ou elas estão sendo aconselhadas a entender que, pela legislação brasileira, a gente tem uma espécie de política de portas abertas".
Números da Polícia Federal mostram que - além do grupo que está atualmente no aeroporto de Guarulhos - chegaram ao Brasil desde o início do ano outros 693 vietnamitas, a maioria sem visto, o que levanta a suspeita de que o país vem sendo usado como rota por redes ilegais de migração.
"Muitas vezes se fala que o Brasil é uma rota de coiotes, quase equiparando a circulação de pessoas ao tráfico internacional de drogas", diz o defensor público João Chaves.
De janeiro a novembro deste ano, só no aeroporto de Guarulhos, 729 estrangeiros foram impedidos de entrar no Brasil, e 3.152 estrangeiros tiveram abertos o processo de refúgio.
"Nosso trabalho é sempre de informação para que as pessoas repensem a adoção de rotas irregulares e saibam que no Brasil há direitos, que é possível acessar serviços sem a necessidade de contrabandistas ou de intermediadores", diz João Chaves.