Vacina do HPV diminui taxa de contaminação de não-vacinados, diz estudo
Estudo do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre comprova a eficácia da vacina oferecida pelo SUS na prevenção contra papilomavirus humano
Um estudo revela que a vacina contra o HPV, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), é eficiente e protege não só quem tomou a vacina, mas diminui a taxa de contaminação dos não-vacinados. A pesquisa inédita foi encomendada pelo Ministério da Saúde.
Durante a pandemia, a cabelereira Eliane Terezinha Gabardo adiou os exames preventivos com medo da Covid-19. Em 2021, ela procurou o médico após sangramento e cólicas.
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"Eu já estava em grau 3 do câncer de colo de útero e aí causou mais agonia ainda", relata Eliane. "Achei que tivesse no comecinho e não era, era grau 3. Aí comecei o tratamento, logo na sequência, de químio e de radioterapia."
A doença foi provocada pelo papilomavírus humano, o HPV, infecção que atinge 58,6 % da população jovem de 15 a 26 anos não vacinada.
Em 2014, a vacina contra o HPV foi oferecida pelo SUS para meninas de 11 e 12 anos. Mais tarde, os meninos foram incluídos e a faixa etária ampliada para crianças e adolescentes entre nove e 14 anos./
O imunizante oferecido pelo sus protege contra quatro tipos de vírus do HPV - dois deles são responsáveis por setenta por cento dos casos de câncer de colo uterino e também estão relacionados ao câncer de cabeça e pescoço mais comum em homens.
O estudo inédito, liderado por Eliana Wendland, epidemiologista do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre, confirmou a eficácia da vacina que protege a pessoa e evita que o vacinado propague o vírus. A pesquisa iniciou em 2016 e, desde então, houve diminuição de 15,6% para 7,9% nas taxas de infecção pelos tipos de HPV contidos no imunizante do SUS.
"A gente está conseguindo diminuir a taxa de transmissão desse vírus na população como um todo", diz a epidemiologista. "É claro que muito mais os vacinados do que nos não vacinados, né?"
A meta da Organização Mundial da Saúde é vacinar 90% do público alvo, mas as taxas no Brasil vêm caindo. Apenas 52,16% dos meninos estão imunizados. Entre as meninas, esse índice é de 75,81%, segundo dados do Ministério da Saúde.
"A chave para a gente eliminar o câncer de colo uterino no país é fazer a prevenção combinada a prevenção primária com a vacina do HPV, prevenindo que as pessoas se infectem com esse vírus e usar preservativo", afirma Wendland.