Caso Mãe Bernadete: Ministério das Mulheres tem encontro com autoridades na Bahia
Pasta esteve em Salvador para acompanhar as investigações sobre o assassinato da líder quilombola e ialorixá
Uma equipe do Ministério das Mulheres esteve em Salvador (BA) neste fim de semana para acompanhar as investigações sobre o assassinato a tiros da líder quilombola e ialorixá Maria Bernadete Pacífico, a Mãe Bernadete.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
A comitiva, formada por integrantes da Ouvidoria e da Secretaria de Enfrentamento à Violência Contra Mulheres, se reuniu com representantes do Ministério Público e da Defensoria Pública do estado. As autoridades também participaram do velório, no Quilombo dos Pitangas, e do sepultamento de Mãe Bernadete, nesse sábado (19.ago).
"A ministra Cida Gonçalves pediu para irmos ao local primeiramente para prestar solidariedade à família. Falamos com o filho de mãe Bernadete, Jurandir Pacífico, para pedir desculpas em nome do Estado brasileiro, porque se estávamos ali, como representação do Estado brasileiro, é porque não havíamos estado antes. Mas também fomos para dizer que vamos acompanhar de perto o andamento das investigações para não deixarmos que seja mais um crime contra uma liderança feminina impune", disse a ouvidora do ministério, Thaís dos Santos Lima.
Para a pasta, o crime é um feminicídio e um ato de misoginia e violência política de gênero. "Há uma violência decorrente do racismo ambiental e religioso, mas que é potencializada pelo fato da liderança ser mulher. Mãe Bernadete foi morta com vários tiros, sendo 12 tiros no rosto. Isso significa ódio, não é apenas matar, mas querer desfigurar o rosto de uma mulher negra. Então é misoginia e é racismo. É crime de racismo religioso, de racismo ambiental e ao fim podemos dizer que é também um feminicídio, porque é um crime de violência política contra mulheres", completou.
Coordenadora-geral de Acesso à Justiça, da Secretaria de Enfrentamento à Violência contra Mulheres, Denise Teixeira apontou o histórico de conflitos fundiários e tentativas de ocupações ilegais de território por trás do crime.
"Estamos diante de uma ação criminosa contra uma mulher que liderava uma comunidade com centenas de famílias, que sabia viver em seu ambiente segundo a sua cultura e suas formas de ver o mundo, em harmonia com a natureza", explica.
Leia também: