Lei Anticorrupção completa 10 anos com dificuldades de adaptação
91% dos executivos acreditam que os sistemas de execução das regras nas empresas ainda são frágeis
A Lei Anticorrupção ainda enfrenta dificuldades de adaptação no ambiente de negócios. É o que revela uma pesquisa inédita junto às 100 maiores empresas do país.
A popularização do compliance nas empresas é um dos resultados da Lei Anticorrupção. Ela prevê sistemas de ética e gestão, além de instituir o acordo de leniência, uma espécie de delação premiada das empresas.
Para o advogado Caio Farah, professor do Insper, a lei moraliza as relações público privadas: "essa foi a primeira lei a fazer referência a um acordo que as próprias empresas poderiam fazer pra, reconhecendo os seus ilícitos, poder organizar as consequências desses ilícitos".
Em uma década, foram registrados 49 acordos de leniência, com a possibilidade de recuperação de quase R$ 24,7 bilhões.
Em São Paulo, no evento que celebrou os 10 anos da lei, a organização Transparência Internacional apresentou os resultados de uma pesquisa feita com 100 grandes empresas do país. Quase todas são unânimes em afirmar que foi importante expandir a cultura do compliance (98%), o que melhorou o ambiente para atrair investimentos estrangeiros (92%).
Mas não é só otimismo, a pesquisa também mostra que 91% dos executivos entrevistados acreditam que os sistemas de execução das regras nas empresas ainda são frágeis e têm dificuldades para mudar o comportamento dos profissionais, e 57% entende que entre as médias e pequenas empresas a lei tem pouca influência.
"A gente precisa agora que as pequenas e médias empresas, as empresas que atuam nos municípios e estados, também desenvolvam os seus sistemas. São nesses espaços que os esquemas de corrupção se estabelecem, geram maiores prejuízos à população"", afirma Guilherme France, gerente da Transparência Internacional.