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Michelle pode herdar e expandir capital político de Bolsonaro, diz especialista

Em meio a discussões sobre possível futuro como candidata, ex-primeira-dama se lança no segmento da beleza

Michelle pode herdar e expandir capital político de Bolsonaro, diz especialista
Michelle Bolsonaro e Agustin Fernandez
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Na mesma semana em que foi empossada presidente do PL Mulher, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro anunciou o lançamento de uma linha de produtos de beleza, em parceria com o maquiador e influenciador digital Agustin Fernandez. O movimento acontece em meio às tentativas do Partido Liberal, mesma sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, de projetar politicamente a imagem de Michelle, conforme avalia a cientista política e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro Mayra Goulart.

"O objetivo foi projetar a Michelle Bolsonaro diante de uma possível inelegibilidade do marido, o Jair Bolsonaro. Então, eu acredito que sim, o PL já está planejando lançá-la diante dessa inviabilidade, de fazer essa sucessão", afirma a especialista.

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Mayra Goulart lembra que a estratégia não é novidade, visto que, grande parte das candidaturas femininas no Brasil são construídas com base no legado político de maridos e familiares. Essa associação entre a figura da mulher e a imagem do homem é ainda mais comum no eleitorado de direita, segundo a cientista política, devido aos ideais conservadores.

"A maioria das mulheres que foram deputadas federais [na última legislatura, 2019-2022] são oriundas de famílias políticas, ou seja, são herdeiras de capital político de seus maridos. Então, isso é bem importante na trajetória política de uma mulher. É muito raro uma mulher se fazer sozinha, principalmente no campo da direita. E por que no campo da direita? Porque é um campo pouco afeito a pautas propriamente feministas, que são pautas de alavancagem da carreira de uma mulher, na política, e portanto, o que sobra um pouco para essas mulheres, no campo da direita, são alavancagens pelas vias de seus capitais familiares", explica Goulart.

Apesar de se beneficiar do capital político do marido, podendo, em uma possível candidatura, angariar votos da base bolsonarista, para a especialista, Michelle tem o potencial de conquistar um eleitorado que não foi alcançado pelo discurso de Jair Bolsonaro na última eleição.

"Acredito que ela [Michelle] possa herdar e expandir o capital político do Bolsonaro, porque ela tem uma conexão mais orgânica com os evangélicos - ela própria é evangélica, mobiliza muito bem a linguagem e os temas evangélicos. E também uma conexão com as mulheres. Essa seria a principal base dela. Os evangélicos e as mulheres, que não são evangélicas, mas que estão dentro deste campo conservador", analisa Goulart.

Das urnas às penteadeiras

Michelle Bolsonaro é um rosto constante nas redes sociais do influenciador Agustin Fernandez, cujas publicações se alternam entre dicas de beleza e maquiagem e registros do convívio com a ex-primeira-dama - e, por vezes, o ex-presidente. O maquiador e criador de conteúdo uruguaio ganhou projeção ao declarar apoio ao então candidato Jair Bolsonaro, em 2018, rebatendo discursos que associavam o político a falas consideradas homofóbicas.

Desde então, Agustin não só passou a frequentar o círculo familiar dos Bolsonaro, como também a acompanhar a então primeira-dama em eventos oficiais, ao longo de todo o governo Bolsonaro. O lançamento da linha de produtos conjunta não pareceu surpreender nem mesmo os seguidores mais fiéis da dupla - que reagiram, nos comentários, com entusiasmo ao anúncio.

"Muitas são as especulações sobre a nossa amizade, mas a verdade é que ela é firme e bem nutrida", disse Michelle. "Por isso, decidimos unir forças e, inspirados na nossa amizade, desenvolvemos juntos uma linha completa de skincare [cuidados com a pele, em tradução livre], que nutre e reafirma a sua pele", completou Agustin. Os dois complementam a frase um do outro em vídeo publicado nas redes sociais.

Na avaliação da cientista política, a associação do nome de Michelle Bolsonaro ao setor da beleza pode ser uma estratégia para desvinculá-la de aspectos negativos que envolvem a imagem do marido. Além de trazer ganho político para a ex-primeira-dama. 

"Acredito que ela é capaz de se descolar, através dessa estratégia, dessa linha de produtos, na internet, isso vai permitir afastá-la dessa imagem queimada de Jair Bolsonaro. E, portanto, vai facilitar a trajetória política dela. Achei uma boa estratégia", conclui Mayra Goulart.

Mesmo com a visível aprovação na base bolsonarista e o potencial em conquistar um eleitorado conservador, que não esteve ao lado de Jair Bolsonaro no último pleito, para conquistar um novo público, Michelle ainda precisará passar por um processo de fortalecimento de sua imagem - trabalho este que vem sendo desenvolvido pelo PL, nos últimos meses.

Além disso, diante da inevitável comparação - fruto da polarização política Lula-Bolsonaro -, a "concorrência" no Planalto também deve ser um ponto de atenção em uma possível campanha de Michelle. Pesquisa Quaest, divulgada em fevereiro deste ano, mostra a relação entre as aprovações da ex e da atual primeira-dama.

O levantamento, que entrevistou 2.016 brasileiros com mais de 16 anos, entre os dias 10 e 13 daquele mês, mostra que, para 35% dos eleitores brasileiros, Michelle tem uma boa imagem. Porém, conforme a pesquisa, a esposa do ex-chefe do Executivo aparece 6 pontos percentuais atrás da atual primeira-dama, Janja da Silva, que foi avaliada positivamente por 41% dos brasileiros.

O resultado é bem diferente do observado em setembro de 2022, quando apenas 10% diziam ter uma boa imagem da esposa do petista, contra 34% da então primeira-dama, Michelle. Já na avaliação negativa, ambas empatam na pesquisa mais recente: 19% dos brasileiros disseram ter uma má impressão de Janja, enquanto 20% afirmaram o mesmo de Michelle.

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