Com prefeitos, Lula promete retomada de obras e "políticos competentes"
"Prefiro um político competente do que um técnico", disse em encontro da Frente Nacional de Prefeitos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na tarde desta 3ª feira (14.mar) em Brasília, do encerramento da 84ª Reunião Geral da Frente Nacional de Prefeitos (FNP). Em discurso aos prefeitos, o petista reafirmou a intenção de estabelecer diálogo com lideranças locais independentemente do posicionamento político de cada um. Prometeu ainda atuação conjunta do Governo Federal com as pautas prioritárias dos municípios, como a retomada de obras paradas, e disse que vai trabalhar para que bancos públicos emprestem recursos para o desenvolvimento das cidades. "Se o estado tiver condições e a cidade tiver condições, o dinheiro não vai ficar no cofre do banco para ele render juros, vai render com obra para melhorar a qualidade de vida das pessoas", prometeu.
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Lula ainda alfinetou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): "Se tivemos um presidente que dizia 'não gosto de ser presidente, não deveria estar aqui'. Quero dizer que gosto de ser presidente", provocou, arrancando risadas.
Ao exaltar a atuação de prefeitos e rebater críticas de gente, que segundo Lula, fala que "político não presta" e que "político é tudo ladrão", defendeu a classe.
"Eu prefiro um político competente do que um técnico, porque o político entende um pouco de tudo e muitas vezes o técnico não entende de nada. O técnico tem que ser um chefe e esse chefe chama-se o político que tem competência para poder orientar", disse Lula.
"Tenham orgulho em ser políticos e façam aquilo que vocês prometeram durante a campanha com o povo, que tudo vai dar certo", concluiu.
Antes da fala de Lula, o prefeito de Aracaju e presidente da entidade, Edvaldo Nogueira, sem citar nomes fez críticas ao governo Bolsonaro e se mostrou alinhado com o governo Lula, mesmo depois de mostrar preocupação com a Reforma Tributária proposta pela Fazenda.
"Durante quatro anos o tempo ficou fechado no nosso país, mas agora o sol da democracia, o sol da liberdade, o sol da justiça, e acima de tudo o sol do diálogo federativo enche de esperança o coração e as mentes dos prefeitos brasileiros", afirmou Nogueira.
O evento teve início nesta 2ª feira (13.mar) e reúne mais de cem prefeitos do país. As autoridades debatem sobre os desafios das médias e grandes cidades.
Reforma Tributária x ISS
A participação de Lula no encontro de prefeitos nesta 3ª feira (14.mar) ocorreu em meio a críticas de prefeitos com relação à Reforma Tributária. Um dos principais apontamentos da direção da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) é em relação a proposta do fim do Imposto Sobre Serviços (ISS), que é municipal. O fim da contribuição é defendido pelo secretário especial do Ministério da Fazenda para a reforma tributária, Bernard Appy.
A FNP que representa as 415 médias e grandes cidades do País, argumenta que gestores estão preocupados com o impacto orçamentário nos cofres públicos de municípios.
Nesta 2ª feira (13.mar), em participação no evento de prefeitos, o ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) garantiu que a proposta de Reforma Tributária em discussão no Congresso "não vai diminuir em nada" a arrecadação do Impostos sobre Serviços nos municípíos".
"Quando a gente propõe o IVA, que pode ser dual [um para União e outro para estados e municípios] ou não, nós estamos propondo tributo que é transparente, justo, simples, que não vai diminuir em nada a arrecadação dos municípios", afirmou. "Primeiro, é um tributo muito pequeno perto dos demais que estão sendo organizados; segundo, boa parte disso, quase 90%, vai ficar exatamente no mesmo lugar", garantiu Haddad nesta 2ª.
A Proposta de Emenda Constitucional 45/2019 (PEC 45/2019), discutida no Grupo de Trabalho (GT) da reforma tributária, trata do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), modelo de unificação de impostos. O formato vem sendo defendido arduamente pelo governo. Caso o IVA se consolide, arrecadações como ISS serão enterradas.