É preciso agir fora do período de comoção, diz prefeito de Niterói
Após tragédia do Morro do Bumba, que matou 48 pessoas, município do Estado do Rio investiu na Defesa Civil
O vice-presidente de Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Axel Grael, defendeu nesta 5ª feira (23.fev), em entrevista ao SBT News, que as ações para enfrentamento e prevenção de tragédias como a que ocorreu no litoral norte de São Paulo precisam ser realizadas perenes e não apenas no momento de comoção. Só assim, será possível tirar as famílias das áreas de risco e promover maior preservação ambiental.
"É preciso fazer mapeamento de áreas de risco e hierarquizar as ações, como proteção de encostas e remoção das famílias. O Brasil precisa criar essas políticas e fazer com que sejam prioritárias, e fazer com que se discuta isso fora das tragédias. As pessoas tendem a priorizar quando está em momento de comoção. É preciso ir além", orientou.
Grael é prefeito de Niterói, um município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, no estado do Rio. A cidade já enfrentou um drama similar. Em 2010, a tragédia do Morro do Bumba deixou 48 mortos. Localizado no bairro Viçoso Jardim, região Norte de Niterói, antes de ser uma favela, o morro foi utilizado como um depósito de lixo da cidade entre 1970 e 1986, por decisão da Prefeitura.
Segundo Axel Grael, quando a área foi atingida há 13 anos, o município não estava preparado para fazer o atendimento adequado. "A partir de 2013 a cidade começou a investir na Defesa Civil. Desde então foram investidos cerca de R$ 600 milhões em proteção de encostas. E a partir de 2021 criou a secretaria do clima para estabelecer estratégia local para ter ação preventiva e mitigação de riscos", relatou.
Para o prefeito, é necessário, também, que os municípios brasileiros assumam maior protagonismo na tomada de decisão sobre a política climática mundial. "Em geral as cidades litorâneas têm bastante vulnerabilidade. Em regiões litorâneas, como no Sudeste, onde há a Serra do Mar se aproximando muito do litoral, esse problema é mais agravado, e há uma incidência cada vez maior desses eventos climáticos extremos e as cidades precisam se preparar para isso".
O prefeito de Niterói também disse estar confiante no avanço de uma política habitacional mais robusta, em ações de parceria com o governo federal.
"É preciso ter política habitacional que permita fazer uma oferta de moradia, principalmente para a população de maior vulnerabilidade. Para que tenham moradias mais seguras. Agora temos possibilidade de um diálogo maior com o governo federal. Até semanas atrás não havia porque o Governo anterior tinha postura negacionista com a questão climática", concluiu.
Assista à íntegra da entrevista: