Brasil tem 562,2 mil médicos; a maioria no Sul e Sudeste do país
Desigualdade na distribuição geográfica dos profissionais de saúde é o principal desafio do país
O crescimento acelerado do número de escolas médicas e de vagas na última década levou a um aumento no número de médicos no Brasil. Em janeiro de 2023 o país contava com 562.229 médicos inscritos nos 27 Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), correspondendo a uma taxa nacional de 2,6 médicos por mil habitantes. Em 2035 haverá no país mais de um milhão de médicos.
Os dados fazem parte do levantamento Demografia Médica no Brasil (DMB) 2023, produzido em parceria entre a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
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Divulgado na manhã desta 4ª feira (8.fev), o estudo mostra ainda que o Brasil não alcançou a densidade médica registrada na média dos 38 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE). O país tem 2,60 médicos por mil habitantes, enquanto os países da OCDE registram 3,73 médicos por mil habitantes.
Ainda assim, segundo o coordenador da pesquisa, o professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) Mário Scheffer, outros indicadores nos aproximam de uma média mundial.
"Pela primeira vez, temos uma densidade de médicos por habitantes compatíveis com grandes sistemas de saúde e países igualmente populosos como o nosso. Ainda estamos um pouco afastado das médias da OCDE, mas outros indicadores clássicos, como porcentagem de especialistas e mulheres médicas, nos aproximam de uma média mundial.", afirmou.
Distribuição Geográfica de Médicos
Um dado relevante apontado pela pesquisa é a desigualdade na distribuição de médicos -- generalistas e especialistas - no Brasil.
No Norte e no Nordeste do Brasil, por exemplo, o número de médicos é inferior à média nacional, com 1,45 e 1,93 médico por mil habitantes, respectivamente. Nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul há 3,39, 3,10 e 2,95 médicos por mil habitantes.
Os estados brasileiros que possuem maior densidade de médicos são o Distrito Federal (5,53), Rio de Janeiro (3,77), São Paulo (3,50) e Santa Catarina (3,05). Em contrapartida, Pará (1,18), Maranhão (1,22) e Amazonas (1,36) têm a menor densidade.
Os dados da Demografia Médica ainda mostram que os médicos estão concentrados nas capitais brasileiras que, somadas, reúnem 312.246 dos profissionais de todo o país. Isso significa que nessas regiões há 6,13 médicos por mil habitantes, ante 1,84 profissional por mil habitantes nas cidades que compõem o interior do Brasil.
"Ainda é pouco significativa a dispersão territorial ou -- interiorização -- de médicos, o que vinha sendo aguardado depois que inúmeros cursos de medicina foram abertos no interior. Pela projeção feita, o Brasil como um todo terá 4,4 mil médicos por mil habitantes em 2035, mas a desigualdade pode até mesmo se intensificar, com mais profissionais se dirigindo para locais onde a concentração já é alta", destaca a pesquisa.
Mulheres
O levantamento também revela que mulheres serão maioria na profissão já a partir de 2024. Contudo, o campo ainda apresenta desigualdades persistentes: médicas declaram renda anual 36% inferior que os colegas homens.
Elas também são minoria nas especialidades médicas, predominando somente em 19 das 55 especialidades.
Nas especialidades cirúrgicas, caso da Cirurgia Geral, mulheres representam menos de 25% do total de especialistas, por exemplo.