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Ato mostra que sistema eleitoral é vencedor das eleições, diz diretor da USP

Diversas pessoas discusaram em movimento para leitura de manifesto pró-democracia nesta 5ª feira

Ato mostra que sistema eleitoral é vencedor das eleições, diz diretor da USP
Celso Fernandes Campilongo Júnior fala ao microfone em ato nesta 5ª feira (Reprodução/USP)
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No ato para leitura do manifesto Em Defesa da Democracia e da Justiça, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na manhã desta 5ª feira (11.ago), na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), o professor Celso Fernandes Campilongo Júnior, diretor da faculdade, disse que a reunião de sindicalistas, empresários e movimentos sociais para acompanhar a apresentação do documento mostra que as eleições deste ano "já tem um vencedor".

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"Esse vencedor é o sistema eleitoral brasileiro. Este vencedor é a legalidade do Estado Democrático de Direito sempre. E principalmente, o mais importante, o vencedor das eleições é o povo brasileiro", completou. Campilongo classificou os atos na Faculdade de Direito nesta 5ª, para leitura do manifesto da Fiesp e da Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, como "uma festa pela democracia".

Diversas pessoas discusaram no movimento para leitura do manifesto, que ocorreu no Salão Nobre. Entre eles, o reitor da USP, médico Carlos Gilberto Carlotti Junior, que representou os de outras universidades públicas presentes no estado também - Unesp, Unicamp, UFSCar e Unifesp. Em suas palavras, "deveríamos estar pensando no nosso futuro. Em como resolver problemas graves". Entretanto, acrescentou, "estamos voltados a impedir retrocessos. Espero que essa mobilização nos coloque novamente no caminho correto". Ainda conforme Carlos Gilberto, todos que o acompanhavam ali estavam unidos para" defender a democracia, a legislação eleitoral, a Justiça Eleitoral e o sistema eleitoral, com as urnas eletrônicas". Declarou que deseja "eleições livres e tranquilas" neste ano, sem fake news.

Representando a União Geral de Trabalhadores (UGT), Francisco Canindé Pegado rebateu fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que a carta da USP é uma "cartinha": "Não é um bilhete ou uma cartinha como alguém insinua". Segundo ele, isso fica demonstrando pelo fato de que se todas as assinaturas do documento (mais de 960 mil) forem colocadas "em linha reta, alcançam aproximadamente 70 mil metros", sendo que a Esplanada dos Ministérios tem 16 mil metros. Pegado defendeu ainda o sistema eleitoral brasileiro: "mais confiável e transparente do mundo".

Ao SBT News, a ex-ministra do Meio Ambiente e candidata a deputada federal por São Paulo, Marina Silva (Rede), que acompanhou os dois atos (leitura do manifesto e leitura da carta), disse que são "uma forte sinalização da sociedade de que não aceita ameaças à democracia". "De mostrar claramente que as urnas eletrônicas são seguras e que o nosso sistema eleitoral é seguro para garantir que o poder emana do povo e é o povo que vai escolher, e quem quiser permanecer no poder tem que ser eleito. E quem quiser ganhar o poder tem que ser eleito pelo povo", pontuou.

O ex-ministro da Educação e coordenador do programa de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Aloizio Mercadante (PT), por sua vez, afirmou à reportagem que os movimentos têm "gigantesca importância". Isso porque, falou, os estudantes estiveram na Faculdade de Direito da USP, em 1973, quando houve o assassinato [do líder estudantil] Alexandre Vannucchi Leme". "Eu era presidente do centro acadêmico de economia da USP, o CAVC. Quando nós voltamos aqui em 75, da Catedral da Sé, quando assassinaram o [jornalista] Vladimir Herzog. Depois, nós tivemos uma tentativa de reorganizar a UNE. Os estudantes já estavam na rua em 77 e já tinham sido reprimidos, com bomba, cassetete, e houve um massacre contra a PUC-SP, por tentar reorganizar a União Nacional dos Estudantes, então esse ato do 11 de agosto foi uma resposta da academia, dos acadêmicos, dos notáveis, nessa luta que já estava acontecendo".

A leitura da carta da USP, nesta 5ª, ocorreu no mesmo local e data nos quais, em 1977, houve a leitura de outra carta - esta contra a ditadura militar. "A partir dali nós deflagramos a luta pela anistia, que vem em 77, a luta pelo fim da ditadura, que vem em 84, a luta pela constituinte, que vem na eleição de 86 e foi entregue em 88, e as eleições diretas, que não foram em 84, mas aconteceram em 89. Então o que está sendo dito aqui hoje é que nós não vamos aceitar retrocessos. É uma encruzilhada histórica, e nós vamos vencer e vamos derrotar o Bolsonaro", declarou Mercadante.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) também esteve presentes nos atos de hoje e disse que a importância destes é "histórica". "Aqui nas Arcadas, em 1977, a carta aos brasileiros foi o começo da destruição da proteção que a ditadura militar tinha. Hoje, a nova carta aos brasileiros é um muro que nós erguemos para proteger a democracia. A sociedade brasileira diz 'sim à democracia, e não a qualquer forma de autoritarismo'".

Já a deputada federal Luiza Erundina (Psol-SP) disse que os movimentos são importantes para o futuro do país, "que está em mãos erradas, mãos infiéis, mãos traidoras". "Esse ato é o início de um grande movimento, de mobilização popular. Quando o povo se junta, se une, adquire força, resolve lutar, não tem nada que ele não consiga vencer. É isso que vai acontecer daqui para frente". Além de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, 21 estados e o Distrito Federal deverão ter manifestações em defesa da democracia e/ou pró-democracia e em defesa da educação ao longo desta 5ª feira. A leitura da Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito será feita em atos em 28 instituições de Ensino Superior, espalhadas por 12 estados e o Distrito Federal, de acordo com a UNE.

A associação Juízes para a Democracia (AJD), por sua vez, diz que em 26 universidades será realizada, em atos, a leitura da carta da USP, do manifesto da Fiesp e de uma carta da Coalizão em Defesa do Sistema Eleitoral, denominada Em Defesa da Democracia e da Soberania Popular.

Outros discursos

Na Faculdade de Direito da USP, no ato para leitura do manifesto da Fiesp, falaram ainda, por exemplo, a presidente da OAB-SP, Patricia Vanzolini, Telma Aparecida Victor, secretária de formação da CUT, a socióloga e presidente do Conselho Curador da Fundação Tide Setubal, Neca Setubal, e o coordenador da Central de Movimentos Populares e da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim.

De acordo com Vanzolini, o momento é de "reafirmação". "Momento de dizermos 'sim, queremos avançar e não queremos retrocesso'". Ainda em suas palavras, "nós não queremos sentir saudade da nossa democracia e, por isso, não podemos sequer flertar com a sua ausência". Disse também que os brasileiros podem contar com a OAB e que o dever histórico da entidade "é claro: nós não aceitaremos retrocessos, nós não seremos asfixiados".

Neca disse que é com democracia que a sociedade conseguirá "enfrentar as desigualdades sociais enormes" atualmente existentes no Brasil. Raimundo fez uma afirmação similar. Segundo ele, na visão da Central de Movimentos Populares e da Frente Brasil Popular, "por meio do regime democrático podemos caminhar rumo ao combate às desigualdades sociais".

O Salão Nobre estava lotado, assim como a frente da Faculdade de Direito da USP e, depois, o Pátio das Arcadas, no qual foram colocadas faixas com os dizeres "Ditadura nunca mais" e "Estado de Direito Sempre", por exemplo. A faculdade estima que cerca de 8 mil pessoas estiveram nos atos no local. Os movimentos estudantis que apoiaram estimam 20 mil pessoas, contando quem estava dentro, os manifestantes em frente (no Largo São Francisco) e os manifestantes que fizeram passeata da Avenida Paulista até o Largo. 

O primeiro documento foi lido pelo ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, e o segundo, pelas professoras Maria Paula Dalari Bucci, Eunice Jesus Prudente e Ana Elisa Liberatore Silva Bechara e pelo jurista Flávio Flores da Cunha Bierrenbach. No segundo ato, a presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, Manuela de Morais, fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro e ao atual governo; segundo ela, quando o político ataca o sistema eleitoral e quando faltam vacinas, "a democracia sangra". Foi feita uma homenagem à ex-vereadora do Rio Marielle Franco -- assassinada em 2018 --, entre outras pessoas, com gritos de "presente". Além disso, o hino nacional brasileiro foi tocado -- assim como no ato no Salão Nobre -- e o público entoou "Fora, Bolsonaro" e "olê, olê, olá, Lula, Lula".

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