Relembre os momentos mais importantes da carreira e vida brilhante de Jô Soares
Jô escreveu livros, criou incontáveis personagens, fez mais de mil entrevistas e ainda perdeu filho e mãe de forma trágica
O ator, humorista, diretor e escritor Jô Soares morreu às 2h30 da madrugada desta feira, no hospital sírio libanês, na região central de São Paulo. Ele estava internado desde o dia 28 de julho para tratar uma pneumonia.
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O anúncio da morte foi feito por Flávia Pedra, ex-mulher de Jô Soares. Em um texto emocionado, postado nas redes sociais, ela disse que o artista morreu "cercado de amor e cuidados". Os dois foram casados por mais de uma década. Flávia chamou o ex-marido de amor eterno.
Jô tinha 84 anos e enfrentava problemas de saúde. O último trabalho foi no teatro Tuca, em 2019. A causa da morte não foi divulgada pela família atendendo a um pedido do próprio Jô. O velório foi fechado, restrito a parentes e amigos mais próximos.
"Eu pessoalmente devo muito a ele, porque foi o cara que me fez descobrir que fazer os outros rirem é uma missão", diz Fabio Porchat. Nascido no Rio, em 16 de janeiro de 1938, José Eugênio Soares era filho único do empresário Orlando Heitor Soares e da dona de casa Mercedes Leal Soares. Aos 12 anos, ele foi morar na Europa com a família. Estudou em um colégio interno, em Lausane, na Suíça. Ainda jovem, chegou a sonhar em ser embaixador. Falava cinco idiomas, mas a paixão pelo teatro foi maior.
O próprio Jô Soares parou de contar o número de personagens que criou, quando chegou a 200. Estreou no cinema nos anos 50. O primeiro destaque foi o papel de um espião norte-americano, em "o homem do Sputnick", em 1959. Foram 21 filmes no total e o humor foi a marca principal. Desde o mordomo Gordon da família trapo, na TV Record até o impagável capitão gay.
Jô Soares já era referência do humor na TV brasileira, quando, aos 50 anos, se revelou como o maior entrevistador do país. O "Jô Soares onze e meia", estreou no SBT, em 1988. Foram quase três mil entrevistas (2.927), em 11 anos no ar. O programa mudou o fim de noite da TV brasileira, que passou a ser com Jô Soares e as principais estrelas.
O escritor publicou dez livros. Um dos destaques foi 'o xangô de baker street', em 1995, que virou filme no cinema. A vida pessoal também foi intensa. Ele foi casado três vezes e teve um filho, Rafael Soares, que era autista. Rafael morreu em 2014, aos 50 anos. Foi o que Jô definiu como a maior dor da vida, "o pesadelo de todo pai, a inversão da ordem natural das coisas, a perda de um filho".
Jô também perdeu a mãe, de 70 anos, de maneira trágica. Dez anos depois, ele reencontrou o taxista que a atropelou e ouviu um pedido de perdão. "Meu filho, você está perdoado desde o dia que você pegou a minha mãe, socorreu e ficou ao lado do meu pai e ficou sentadinho lá ao lado do meu pai até minha mãe morrer acompanhou. Você não teve culpa nenhuma."
A última aparição pública de Jô foi em fevereiro do ano passado, na fila da vacina contra a covid-19. Jô dizia não ter medo da morte. Em uma de suas últimas entrevistas, na TV cultura, ele contou o que gostaria de deixar para todos nós, depois da partida: "Alegria. Mais profundamente, deixa a esperança em algumas pessoas. Mas principalmente, não ter feito mal a ninguém".