Médico estuprador é hostilizado por outros presos na penitenciária
Anestesista foi mantido isolado numa cela, em Bangu 8, que é destinada a criminosos com curso superior
Depois de um dia agitado na delegacia, com entra e sai de possíveis vítimas do anestesista Giovanni Quintella Bezerra, acusado de estuprar uma mulher durante o parto, a delegada responsável pelo caso confirmou que o médico está sendo investigado pelo estupro de, pelo menos, seis mulheres, todas durante cirurgia de cesariana.
A Justiça do Rio decidiu manter o anestesista preso por tempo indeterminado. Nesta 3ª feira (12.jul), ele foi transferido para o presídio de Bangu e foi hostilizado quando chegou ao presídio. Foi xingado e vaiado pelos outros presos.
As investigações apontam que o homem cometeu outros crimes, já que quebrou o protocolo de informar às vítimas sobre a sedação e expôs essas mulheres ao risco, cometendo o crime de violência obstétrica. O material usado pelo anestesista durante a cirurgia será analisado.
A polícia ouviu seis profissionais de saúde que trabalham no hospital onde Giovanni foi preso em flagrante, no último domingo (10.jul), depois de ser filmado abusando de uma gestante durante o parto. Em depoimento, uma das técnicas de enfermagem relata que viu o anestesista com o pênis ereto em pé próximo a cabeça da vítima. Após esse episódio decidiram filmar.
Outra enfermeira conta que quando percebeu estar sendo observado, Giovanni aparentava tensão e passou a agir de forma intimidadora. Um outro integrante da equipe conta que o profissional sempre ficava perto da cabeça das pacientes, e que aumentava a sedação alegando náuseas, o que seria arriscado, uma vez que paciente com enjoo pode se engasgar em caso de vômito com sedação completa. Ele destaca ainda que o médico sempre "apagava" as pacientes após a saída do acompanhante e alegava que a sala estava fria para levantar a "parede de tecido".
Um dos sinais de alerta para uma das enfermeiras foi o comportamento agressivo do médico com a equipe cirúrgica. Em depoimento, os profissionais alegaram abuso de poder e intimidações constantes durante as cirurgias.
As enfermeiras que estavam desconfiadas, há dois meses, esconderam o celular dentro do armário do centro cirúrgico. O flagrante é a principal prova do inquérito policial. O Conselho Regional de Medicina do Rio decidiu pela suspensão provisória de Giovanni Quintella Bezerra. Ele fica impedido de exercer a medicina em todo o país. Mas um processo ético segue em análise para a cassação definitiva do registro do médico.
Após a repercussão do caso, a cada dia novas possíveis vítimas comparecem a delegacia para depor. Em comum todas elas possuem a dúvida se o estupro de fato se concretizou.