Insegurança alimentar cresce e ameaça 36% das famílias brasileiras
Aumento atingiu principalmente a população de baixa renda e com nível de escolaridade baixo
A parcela de famílias brasileiras que não teve condições para se alimentar em algum momento nos últimos 12 meses subiu de 30%, em 2019, para 36% em 2021. Os dados, divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), apontam que a insegurança alimentar subiu quatro vezes mais em relação à média dos outros 120 países analisados, atingindo um novo recorde da série histórica do levantamento, iniciado em 2006.
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Na população mais carente, o aumento da fome foi ainda pior. Entre os 20% mais pobres no país, houve um crescimento de 22 pontos percentuais entre 2019 e 2021, saindo de 53%, em 2019, para 75%, em 2021. O nível, segundo a fundação, é próximo ao de Zimbawe, na África, país com maior patamar de insegurança alimentar observado (80%).
Por outro lado, os 20% mais ricos experimentaram queda de insegurança alimentar de três pontos percentuais - indo de 10% para 7%, pouco acima da Suécia (5%), país com menos taxa no quesito. Já na comparação com a mádia global de 122 países, os 20% mais pobres no Brasil têm 27 pontos percentuais a mais de insegurança alimentar, enquanto os 20% mais ricos apresentam 14 pontos percentuais a menos.
Para os pesquisadores, o índice de fome observado entre os brasileiros refere-se também com o nível de escolaridade e sexo. Aqueles com apenas o ensino fundamental completo, por exemplo, compõem 52% do quadro de insegurança alimentar, ante 31% que possuem o ensino médio e 8%, o ensino superior.
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Em relação ao sexo, houve aumento de 14 pontos percentuais entre as mulheres (de 33% para 47%) e queda de 1 ponto percentual para homens (de 27% para 26%) entre 2019 e 2021. Conforme os dados, as mulheres, principalmente aquelas entre 30 e 49 anos, onde o aumento foi maior, tendem a estar mais próximas das crianças, o que pode resultar em efeitos de longo prazo devido ao maior número de desnutrição entre os menores.