Petrobras não pode desviar da 'prática de preços de mercado', diz presidente
José Mauro Coelho rebateu o presidente Jair Bolsonaro e afirmou que reajustes precisam ser feitos
José Mauro Coelho, presidente da Petrobras, afirmou, nesta 6ª feira (6.mai), que vai continuar seguindo os preços de mercado da estatal. O executivo rebateu as críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL), que na 5ª pediu para que a estatal reduza a "voracidade do lucro" e segure os reajustes, para evitar uma "convulsão social".
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"Eu acho legítima a preocupação do presidente Jair Bolsonaro em relação aos preços mais elevados dos combustíveis, essa elevação do preço acontece em todo mundo e é uma preocupação de todos os líderes governamentais, mas por outro lado, por dever de diligência os administradores da Petrobras, de capital aberto, devem atuar alinhados com a atual política de preços da companhia. A Petrobras não é insensível a economia brasileira", afirmou o novo presidente da estatal.
Ontem, 5ª feira (5.mai), a Petrobras anunciou o lucro líquido de R$ 44,561 bi no primeiro trimestre de 2022, ou seja, uma alta de 3.718%, se comparado ao mesmo período do ano passado. Em sua tradicional live semanal, o presidente Bolsonaro criticou, nesta 5ª feira (5.mai), enfaticamente, o lucro da Petrobras e fez um apelo à empresa para que não aumente o preço dos combustíveis, o que faria o nome da companhia ir, em suas palavras, "para a lama". "O lucro da Petrobras é maior com a crise. Isso é um crime, é inadmissível", completou.
Em resposta, José Mauro Coelho pontuou que o lucro da empresa não está relacionado aos reajustes praticados nos preços dos combustíveis. "Não há uma relação significante entre os resultados da Petrobrás e o reajuste dos preços. 80% dos ganhos do período foram provenientes das atividades de exploração e produção de petróleo, e apenas 20% de todos os demais segmentos", garantiu.
O novo presidente defendeu ainda o que chamou de gestão responsável. "Não é só preço do barril. É gestão responsável que tem sido feita nos últimos anos. Não podemos nos desviar da prática de preços de mercado. É uma condição necessária para a geração de riqueza não só para a empresa, mas para toda a sociedade brasileira, fundamental para a atração de investimentos do país e para garantir o suprimento dos derivados que o Brasil precisa importar", disse Coelho.
Rafael Chaves, diretor de Relacionamento Institucional e de Sustentabilidade da Petrobras, destacou que o preço tabelado não é uma solução. "Só existem duas opções. Ou é um preço de mercado. O preço de mercado vai equilibrar a oferta e a demanda. O preço tem um papel informacional. Esse mecanismo de preço é uma forma democrática de passar informação entre muitos compradores e vendedores e equilibrar a oferta e a demanda. Ou é preço tabelado. E já se viveu isso no passado no Brasil e alguns vizinhos tentam também e é uma solução que não funciona", afirmou.
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