Enchentes pelo Brasil e calorão no Sul: entenda clima dos últimos dias
Meteorologista explica que fenômenos conjuntos fazem com que eventos climáticos sejam mais extremos
O ano de 2022 começou assim: enquanto alguns estados brasileiros sofrem com estragos causados pelas fortes chuvas, uma onda de calor atinge o Sul do país e faz as temperaturas ultrapassarem os 40ºC.
No início do mês de janeiro, tempestades resultaram em enchentes e deslizamentos na Bahia, fazendo com que o Brasil todo se mobilizasse para ajudar as vítimas das chuvas. Segundo dados da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), 27.205 pessoas perderam seus imóveis e ficaram desabrigadas, enquanto 69.132 foram desalojadas.
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Outros estados do Norte, como Pará e Tocantins, e do Sudeste, como Minas Gerais, também sofreram com a alta pluviosidade, considerada além do normal por especialistas. O período chuvoso também atingiu o estado de Goiás e, até a 5ª feira (13.jan), 16 municípios estavam em situação de emergência.
Neste domingo (16.jan), até o papa disse rezar pelos brasileiros afetados pelas chuvas.
Segundo Heráclio Alves, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há uma explicação para isso. Apesar do verão ser uma estação em que chove muito em boa parte do país, neste ano, houve um conjunto de fatores que influenciaram para que o volume de chuvas se intensificasse.
"A gente chama de Zona de Convergência do Atlântico Sul, que é aquele corredor de umidade que ocorre, principalmente, no final da primavera e durante a estação de verão. Esse sistema faz com que ocorra bastante nebulosidade e pancadas de chuva que podem durar vários dias", explica.
De dezembro de 2021 até hoje, já aconteceram cinco episódios desse fenômeno. Em janeiro, o primeiro do ano foi justamente o que causou as chuvas mais intensas em Minas Gerais.
O especialista ressalta que a quantidade de chuvas ficou muito acima do que é esperado para o mês. Além da Zona de Convergência do Atlântico Sul, há também outra ocorrência que pode ter influenciado. O fenômeno chamado de "La Niña" promove o resfriamento das águas do Pacífico. Consequentemente, impacta diretamente no clima do Brasil, causando mais chuvas sobretudo no Norte e no Nordeste.
No Sul, o cenário é outro. O Rio Grande do Sul registrou recordes de temperatura e em Porto Alegre os termômetros bateram 42°C na 6ª feira (14.jan). Em Uruguaiana, no oeste do estado, fez 41,1ºC, a maior marca dos últimos dez anos no município.
Segundo Heráclio, ao mesmo tempo em que o La Niña favorece a nebulosidade na parte norte do país, ele intensifica as massas de ar seco no Sul, causando ondas de calor e estiagem. "São vários dias consecutivos de temperaturas em elevação", pontua o meteorologista.
A boa notícia é que os eventos climáticos extremos devem apaziguar nos próximos dias. Segundo Heráclio, a temperatura nos estados sulistas deve diminuir a partir de 2ª feira (17.jan). Também haverá uma diminuição expressiva das chuvas nas outras regiões, aliviando o sufoco de muitos brasileiros que sofreram com os desastres provocados pelas tempestades.