Caciques do PSB veem agressividade e traição de Lula
Partido, que se dispôs a abrigar Alckmin, acredita que petista quer palanques duplos com sigla de Kassab
Os integrantes do PSB ainda absorvem o tom do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião em São Paulo na última 2ª feira (20.dez). Para os caciques da legenda, o petista foi agressivo ao impor o ex-prefeito Fernando Haddad como o candidato ao governo de São Paulo. A suspeita é a de que o chefe do PT está prestes a desistir de levar o ex-tucano Geraldo Alckmin para o ninho pessebista. O plano a partir de agora seria outro: facilitar o caminho do ex-governador paulista para os braços do comandante do PSD, Gilberto Kassab.
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Todos as recém-filiações do PSB tiveram a bênção de Lula. Vide os casos do governador do Maranhão, Flávio Dino, e o do deputado federal do Rio, Marcelo Freixo. No caso do parlamentar, o petista o interceptou em pleno voo para o PDT, o levando para o PSB. Lula assim funciona como uma espécie de negociador avançado dos pessebistas. O último movimento foi estimular a ida de Alckmin para o partido e, na operação mais ambiciosa, convencer que o ex-tucano a entrar como vice-presidente na chapa de Lula em 2022.
O plano entretanto esbarra nas pretensões do PSB no governo de São Paulo. O partido quer Márcio França como candidato, mas Lula ainda não se convenceu em abrir mão de Haddad na disputa. "Fizemos tudo o que o Lula apontou, mas tudo tem limite, o tratamento na última semana foi desrespeitoso", disse um cacique do PSB, que levanta a hipótese de uma traição em curso. Para a cúpula do partido, Lula, depois de "gerenciar" as filiações, tenta avançar uma casa em direção ao PSD, de Kassab. O plano detectado pelos pessebistas envolveria negociações em três estados-chaves.
A primeira delas é reabrir a possibilidade de Alckmin embarcar no PSD, que ficou menor com as últimas negociações do ex-governador com o PSB. Isso poderia levar o governador a continuar como vice de Lula e abrir a possibilidade de Haddad disputar o governo de São Paulo. No Rio de Janeiro, um outro personagem entra em cena: o prefeito Eduardo Paes, do PSD. Em Pernambuco, Lula voltaria as forças para o nome do senador petista Humberto Costa. Com tal equação, Lula teria pelo menos dois palanques nos três estados, caso o PSB insista nas candidaturas.
Assim, em São Paulo, Lula ficaria com Haddad e França; no Rio, Freixo e Paes; e, em Pernambuco, o ex-prefeito do Recife Geraldo Júlio e Humberto. "Lula está exigindo muito do PSB. Mas tudo tem um preço", diz o cacique do PSB.