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Por que Lázaro, o serial killer do DF, ainda não foi capturado?

Perfil do procurado e dificuldades logísticas são alguns dos motivos apontados por especialistas

Por que Lázaro, o serial killer do DF, ainda não foi capturado?
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Após dez dias de buscas, Lázaro Barbosa, suspeito do assassinato de uma família em Ceilândia, no Distrito Federal, ainda não foi capturado. Ele é procurado em Goiás, por uma operação de mais de 200 policiais, mas a equipe tem tido dificuldade para conseguir captura-lo. Especialistas consultados pelo SBT News apontam que alguns dos motivos que dificultam a sua localização do suspeito são a imprevisibilidade do tipo de patologia de Lázaro e as dificuldades logísticas das forças de segurança.

Segundo Cássio Thyone, perito criminal aposentado da Polícia Civil do Distrito Federal e membro do conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apesar das críticas da população à demora na captura de Lázaro, as forças de segurança atuam com os recursos disponíveis. Ele também destaca que Lázaro é considerado um foragido imprevisível.

A imprevisibilidade do suspeito é reforçada pelo especialista em segurança pública Leonardo Sant'Anna. "A preparação para esse tipo de evento é impossível, pois depende muito da característica do agressor. Normalmente é imprevisível, não é possível avaliar quando vão ser os surtos. Alguns tipos de patologia podem ficar inertes durante determinado tempo e aflorar  em outros momentos", destaca.

Com o cerco policial se fechando, a tendência é que Lázaro sofra mais estresse, aponta Thyone. "Ele precisa dormir, se alimentar, vencer o próprio estresse psicológico. Tempo é o fator que favorece quem está tentando encontrar a pessoa e não quem está tentando fugir", complementa.

Segundo Cássio Thyone, a imprevisibilidade de Lázaro pode resultar em diferentes desfechos. "A gente não sabe qual vai ser a reação dele em um eventual momento no qual as forças de segurança o encontrarem. Ele pode desistir. Ele pode partir para o confronto. Se for pensar no que ele já fez, em relação a família feita refém em Cocalzinho de Goiás (GO), na última 3° feira (15.jun), que foi resgatada pela polícia, ele foi para o confronto e atirou em um policial. Se ele mantiver essa tendência, infelizmente há chances de ele não ser capturado vivo".

Lázaro Barbosa, de 32 anos, nasceu no município de Barra do Mendes, na Bahia, a 500 km de Salvador. O suspeito é casado e tem dois filhos. Criado na mata, no passado, ele já ficou foragido da polícia da Bahia por 15 dias.

Dificuldades de logística

A operação, que conta com agentes das polícias civil, militar, rodoviária federal e força nacional, dura dez dias. Para Leonardo Sant'Anna, é preciso haver sinergia entre as forças de segurança para solucionar o caso. "É a união entre as diferentes instituições. O perfil psicológico vem de um grupo da polícia civil, ações que devem ser feitas são definidas pela polícia militar, a parte de logística é feita pela polícia militar. São muitos agentes e a coordenação deve ser centralizada e única".

"É algo comum a dificuldade de estabelecer uma comunicação efetiva entre as pessoas da operação, o exercício efetivo do comando da operação. É difícil comandar uma operação de pessoas que não estão acostumadas a trabalhar juntas", ressalta Cássio Thyone. 

As forças de segurança do DF, do Goiás, corporações federais, e agora a força nacional estão em busca de Lázaro. A operação, realizada em uma área rural, também é outro ponto que dificulta o andamento das buscas, segundo o especialista.
+ Polícia procura serial killer suspeito de matar família no DF

De acordo com Cássio Thyone, a operação de Lázaro é planejada diariamente. "As equipes recebem as informações do dia e planejam o dia seguinte. É preciso sempre rever o planejamento". Segundo o especialista, o objetivo é antecipar os passos futuros de Lázaro.


"É preciso fazer a mesma leitura que ele faria, antecipar, só assim a chance de captura é maior. Isso depende das informações buscadas também pelos núcleos de inteligência das forças". Cada uma dessas informações é utilizada para ver como ele agiu e o que poderia tentar fazer novamente.

É preciso repensar o sistema judicial

Para os dois especialistas, o caso de Lázaro mostra as falhas do sistema judicial por completo.  É o que reitera Cássio. "O caso de Lázaro reflete as mazelas de todo o sistema judicial, ele é preso, depois foge, não cumpre mandato de prisão, ele muda de estado e a informação não é compartilhada". 

Leonardo Sant'Anna, ressalta a necessidade em se pensar problemas estruturais do sistema prisional: "É pensado primeiro a punição da pessoa e pouco a ressocialização do apenado. Há baixíssimo investimento no sistema prisional brasileiro e não há investimento na pessoa que deve ser reintegrada na sociedade de forma saudável". 

Para os especialistas, após a resolução do caso, é necessário rever onde ocorreram as falhas, o que pode ter acontecido para ele chegar onde ele chegou e analisar o que aconteceu com precisão. "Tudo desemboca na segurança pública, ela é o resultado de falhas sistêmicas. Enfrentar o crime é uma das questões de segurança pública. A prevenção é mais importante do que o combate", destaca Cássio Thyone.

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