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Com pandemia, consumo de cigarro aumentou 34% no Brasil

Levantamento é da Fiocruz. Campanha contra fumo é incentivada pela OMS no dia Mundial sem Tabaco

Com pandemia, consumo de cigarro aumentou 34% no Brasil
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O consumo de cigarro no Brasil aumentou 34% desde o início da pandemia no Brasil. A informação é de uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade Estadual de Campinas. O aumento é citado, e combatido, no Dia Mundial sem Tabaco, comemorado nesta 2ª feira (31.mai). A data foi criada em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e desde então relembra anualmente o objetivo de alertar a população sobre as doenças e mortes que podem ser evitadas com o tabagismo. 

Conforme a pesquisa, realizada entre 24 de abril e 24 de maio de 2020, 22,8% dos fumantes aumentaram a quantidade de cigarros consumida em, aproximadamente, dez unidades. 5,1% aumentaram em 20 cigarros ou mais -- o equivalente a um maço de cigarro --, e 6,4% das pessoas aumentaram o consumo em cinco ou menos unidades de cigarro. No grupo analisado, 53,9% consomem igual antes, e 12,1% diminuíram a quantidade de cigarros. 

O motivo para mais fumo, segundo especialistas, é o aumento da ansiedade, depressão e insônia durante a crise sanitária que o mundo enfrenta. Esse é o caso do jornalista Daniel Alves, 30 anos. Ele conta que antes da pandemia fumava 12 cigarros por dia, e, agora, por conta de uma carga emocional maior, chega a fumar 22, mais que um maço. 

"O aumento veio com a preocupação de prestar o serviço em home office na mesma qualidade do presencial, aumento nas demandas do trabalho fizeram que eu aumentasse o consumo de cigarros por dia", destacou. O jornalista tem o desejo de parar de fumar, mas não acha acessível os métodos para fazer o tratamento. " Infelizmente, é muito difícil conseguir via rede pública, e os remédios disponíveis em farmácia e em outras clínicas é bem caro", finalizou. 

De acordo com a médica Patrícia Maria Costa, esse aumento também se dá por conta da dependência química, em razão da nicotina. A oncologista, que também atende pacientes que desejam largar o fumo, destaca que muitas pessoas deixaram de fumar ocasionalmente e passaram a fazer o uso do tabaco diariamente. "Há relatos de pessoas que fumavam aos fins de semana, e, hoje, fazem o uso todos os dias. Consequentemente, aumentam o número de tabagistas no país".

Em relação a covid-19, a especialista acrescenta que o fumante pode sim apresentar um quadro mais grave, justamente por ter uma capacidade pulmonar menor. "Se o fumante faz o uso do cigarro há muito tempo, ele pode ter um caso inflamatório crônico, agravando para uma pneumonia. E como o vírus entra nos pulmões, acaba provocando uma inflamação e com isso gera uma insuficiência respiratória ou até mesmo a morte", diz.

Para celebrar a data, a OMS escolheu o tema "Comprometa-se a parar" na campanha contra o tabaco. O objetivo  é ajudar 100 milhões de pessoas a parar de fumar, sejam elas por meios de iniciativas e /ou ferramentas digitais, uma vez que, atualmente, apenas 23 países oferecem um serviço para ajudar os usuários a pararem de fumar. Assista ao vídeo da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) sobre a data, cujo tema é 'ex-fumantes são vencedores'.

Uma campanha contra o fumo também é difundida organização não governamental ACT Promoção da Saúde. Em 2021, a organização indica que cigarros eletrônicos também viciam. Com a moto "Vape Vicia", a campanha também alerta sobre os riscos do fumo durante a pandemia.

"A campanha ACT-AMB-Fundação do Câncer mostra que os novos produtos são muito atrativos, mas trazem os velhos problemas, mantêm as pessoas dependentes e prejudicam sua saúde", disse, em nota, a psicóloga Mônica Andreis, diretora-executiva da ACT Promoção da Saúde.

O presidente da Associação Médica Brasileira, César Eduardo Fernandes, também destaca a importância do combate ao fumo: "A AMB orienta a todos a pararem de fumar. O tabaco é fator de risco para cerca de 50 doenças. É certo que favorece a transmissão e o agravamento do quadro clínico causado pelo SARS-CoV-2", afirma. "Entre os pacientes que evoluem para as formas mais graves da covid-19 são regra portadores de diabetes mélito, hipertensão arterial, doença pulmonar obstrutiva crônica e câncer. Todas essas doenças têm reconhecida relação de causalidade com o tabagismo", completa.
 

Mortes pelo fumo

Em 2019, o tabagismo matou 7,7 milhões de pessoas. O ano também ficou marcado pelo aumento de 1,1 bilhão de fumantes, crescendo 89% a mais que ficaram dependentes aos 25 anos. O número foi divulgado pela revista médica The Lancet.  Ainda neste ano, o Brasil ficou fora dos dez países mais fumantes, o que totaliza 341 milhões de consumidores. A China ocupou o primeiro lugar, seguido da Índia, Indonésia, Estados Unidos, Rússia, Bangladesh, Japão, Turquia, Vietnã e Filipinas que, juntos, somam quase dois terços da população mundial de fumantes.
 

*Estagiário sob supervisão de Lis Cappi

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