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Tipos de desinformação mais comuns e como estão sendo usadas nas Eleições

Várias são as armadilhas utilizadas na produção de conteúdos desinformativos. Saiba como identificá-las

Tipos de desinformação mais comuns e como estão sendo usadas nas Eleições
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Com o volume de informações que recebemos todos os dias, é difícil filtrar o que é verdadeiro e o que precisa ser analisado com critério antes de ser assimilado ou compartilhado. No contexto das Eleições 2022, a produção e compartilhamento de informações que respeitem o processo democrático tem sido uma preocupação nacional, mobilizando instituições, entidades, a imprensa e figuras públicas no combate à desinformação.

Saiba mais:

Muitas são as armadilhas utilizadas para manipular e enganar por meio de mensagens e notícias. Na corrida eleitoral, elas se multiplicam, vão desde informações de baixo nível até conteúdos sofisticados e profundamente enganadores. A First Draft, organização global independente, sem fins lucrativos e apartidária, criou um guia elencando os tipos de desinformação mais comuns disseminados, principalmente, na internet.

Os princípios teóricos da organização estão na base da idealização e criação do Projeto Comprova, desenvolvido com colaboração da Abraji, Google News Initiative e Meta Journalism Project  e que reúne diversos veículos de comunicação em um trabalho colaborativo de verificação de informações online. Mas não precisa ser um verificador  para combater a desinformação. Antes de compartilhar um conteúdo, é possível analisar se ele pode ser falso ou enganoso. Para isso, é importante conhecer quais são os artifícios mais comuns utilizados na fábrica de desinformações. 

É sempre fake news? Desinformação nem sempre vem como uma notícia falsa 

O termo "fake news" ficou amplamente conhecido e é muito utilizado para se referir a era de informações falsas que circulam por aí. No guia elaborado pela First Draft, a organização  defende que o termo "fake news" (notícia falsa) é um nome genérico que não dá conta dos diversos conteúdos enganosos produzidos.

Isso porque muitas vezes nem sempre o conteúdo é totalmente falso, como a expressão sugere, e sim manipulado ou usado fora de contexto. Além disso, boa parte desse tipo de conteúdo não pode ser descrita como notícia: "são rumores à moda antiga, memes, vídeos manipulados, ?anúncios micro-localizados? hipersegmentados e fotos antigas compartilhadas novamente como se fossem novas", explica o guia. 

Segundo a organização, a fábrica de conteúdo enganoso se dá em três aspectos: a "desinformação", que é a criação de conteúdos falsos com o propósito de criar danos; a "mesinformação", que é o compartilhamento desse conteúdo, muitas vezes por pessoas que não percebem que ele é falso ou enganoso; e a "malinformação", que ocorre quando informações genuínas são compartilhadas com a intenção de causar prejuízos a algo ou alguém. 

A partir dessa compreensão, são elencados 7 tipos de desinformação e mesinformação mais comuns. São eles: sátira ou paródia; conexão falsa; conteúdo enganoso; contexto falso; conteúdo impostor; conteúdo manipulado; conteúdo fabricado. Nas Eleições 2022, já é possível identificar exemplos de cada tipo. 

Os sete tipos de desinformação nas Eleições 2022 

1. Sátira ou paródia 

A sátira é aquele conteúdo criado com o propósito de gerar humor, feito para não ser levado a sério. Porém, segundo o guia da First Draft, a medida em que ele é compartilhado, a conexão com o mensageiro original se perde e aquela informação acaba sendo compreendida como verdadeira. Isso ocorre porque a dinâmica das redes sociais embaralha os atalhos mentais que nos ajudam a entender o mundo e facilita que mensagens como essas não sejam interpretadas com a intenção em que foram criadas. 

Em junho deste ano, publicações feitas no Facebook e no Twitter utilizaram uma imagem da torcida do time inglês de futebol Liverpool, na França, para dizer que a multidão estava reunida, em Recife, em apoio ao ex-presidente e pré-candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na ocasião, o Projeto Comprova verificou a informação e atestou que se tratava de uma sátira. As imagens foram postadas inicialmente em páginas de humor, mas ganharam outras redes ao serem compartilhadas. 

2. Conexão falsa

Esse tipo de desinformação ocorre quando há uma relação inconsistente entre os elementos que formam aquele conteúdo. É quando manchetes, imagens ou legendas não dialogam com a informação principal. Esse recurso é muito utilizado, por exemplo, para atrair cliques, com manchetes sensacionalistas que mais confundem do que informam. 

Um exemplo é um vídeo postado no Twitter e no Facebok que atribui imagens feitas no Farol da Barra, em Salvador, a atos de apoio à Jair Bolsonaro (PL), realizados em julho deste ano. Investigação feita pelo Comprova verificou que o vídeo foi gravado no dia 7 de setembro de 2021, em outra manifestação de apoio ao presidente e que registrou maior público do que a mais recente. O vídeo foi considerado enganoso, pois apesar da imagem ser verdadeira não estava de acordo com a informação com a qual foi veiculada. 

3. Conteúdo enganoso

Esse pode ser considerado um dos tipos de desinformação mais difíceis de se identificar. É quando informações que podem ser verdadeiras são utilizadas para enquadrar um problema ou prejudicar um indivíduo. Ocorre quando manchetes são modificadas, fragmentos de informações são colocados fora do contexto original, estatísticas são utilizadas de forma incorreta ou tendenciosa, imagens ou gráficos são distorcidos. Ou seja, existe uma intenção de enganar quem consome aquela informação. 

Um decreto publicado em 11 de agosto e assinado pelo presidente Jair Bolsonaro foi alvo desse tipo de desinformação. O decreto tratava sobre o emprego das Forças Armadas para a garantia da votação e da apuração das eleições de 2022. . A convocação foi alvo de vídeo enganoso que sugeria que o decreto seria resultante de poder especial conferido ao presidente. O conteúdo foi verificado pelo Comprova e confirmou que a autorização do emprego das Forças Armadas no pleito eleitoral é um procedimento comum, que, inclusive, já foi realizado anteriormente por outros presidentes.

4. Contexto falso

Nesse tipo de mensagem ou notícia, o conteúdo é genuíno mas está associado a informações contextuais falsas. Ocorre, por exemplo, quando imagens verdadeiras são compartilhadas com informações que não se referem ao que de fato aconteceu.

Conteúdo com este teor teve grande alcance nas redes sociais: uma foto do evento de posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do TSE foi compartilhada por diversos perfis insinuando que as autoridades presentes estariam olhando para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o verificado pelo Comprova, o presidente Jair Bolsonaro e os ministros do TSE aparecem olhando para baixo, pois estavam posando para uma foto feita pelo fotógrafo do Palácio do Planalto. O fotógrafo em questão e Lula estavam próximos, o que motivou a interpretação equivocada do registro. Ou seja, apesar da foto ser verdadeira, ela foi compartilhada associada a um contexto falso. 

5. Conteúdo impostor

Se você está acostumado a consumir uma notícia de determinado portal ou veículo de comunicação, com certeza já consegue identificar de forma inconsciente e automática a identidade visual desse canal de informação. É partindo dessa premissa que fraudadores de informação, conseguem criar conteúdos impostores. Fontes genuínas são imitadas, desde a utilização de logotipos, até mesmo se valendo de imagens de figuras ou ou jornalistas conhecidos.

Foi o que ocorreu com o âncora do Jornal Nacional da Rede Globo, William Bonner. Um vídeo publicado no TikTok mostra o jornalista chamando de ladrões Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB), candidatos a presidente e vice, respectivamente, na mesma chapa nas eleições deste ano. O conteúdo foi verificado pelo Comprova que confirmou que o vídeo era falso e que a voz atribuída à Bonner foi produzida sinteticamente a partir de um conteúdo em texto.

6. Conteúdo manipulado

Esse tipo de desinformação costuma ser mais comum em formato de fotos ou vídeos. Por meio de edições enganosas e fraudulentas, conteúdos são manipulados para disseminar mensagens falsas. O conteúdo desinformativo manipulado é quando informações que são genuínas ganham novos elementos, recebem edições para criar uma mensagem falsa.

Um vídeo que circula no TikTok é um exemplo desse tipo de desinformação. O vídeo usa imagens de uma entrevista concedida por Luiz Inácio Lula da Silva em 2018 e, por meio de recurso de edição, substitui o áudio original por um fabricado em que a voz atribuída ao ex-presidente declara voto no presidente Jair Bolsonaro (PL). A manipulação foi investigada pelo Comprova, e foi verificado que se tratava de uma montagem. 

7. Conteúdo fabricado 

O conteúdo fabricado é aquele que não tem nenhum compromisso com a verdade. Ele é 100% falso, criado com a clara intenção de enganar e causar prejuízo. É um tipo de recurso muito comum na produção de desinformação.

Um dos conteúdos recentemente verificados pelo Comprova e que está dentro desse tipo de desinformação é um tuíte que afirma que o presidente do Chile, Gabriel Boric, ligou para o ex-presidente Lula para organizar projeto nacional envolvendo a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Bolsa Família no país.

Na verificação feita pelo projeto, foi confirmado que a notícia é falsa. Não foram encontradas evidências da conversa, a informação foi negada pela própria assessoria de Lula. Foi verificado também que a criação de um sistema de saúde pública no Chile já era uma promessa de campanha de Boric e que está em implementação; assim como já existe no país um programa similar ao Bolsa Família desde 1981.


SBT News De Fato

SBT News De Fato o serviço de checagens, verificação de fatos e educação mídiática do SBT. O objetivo é ser um núcleo de orientação e de informações ao público em relação ao conteúdo espalhado e distribuído na internet e pelas redes sociais. Nesta primeira fase, o grupo vai atuar no combate a desinformação durante o período das eleições gerais deste ano.  A escolha sobre o candidato deve ser tomada com base em informações verdadeiras e confiáveis. Por isso, o SBT News De Fato conta com uma equipe de jornalistas profissionais do SBT, regionais e afiliadas. São eles: SBT SP, SBT RioSBT ParáSBT RSSBT DF, TV Aratu (BA), SBT MT (MT), TV Tambaú (PB), TV Jornal (PE), Jornal do Commercio (PE), TV Allamanda (RO), TV Norte (AM, AC e RR), TV Cidade Verde (PI) e TV Ponta Verde (AL). Clique aqui e saiba mais.


>> Mayra Nascimento é jornalista do SBT Pará e SBT News
>> Imagens de Freepik e Flat Icon


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